Theresa May foi a Bruxelas apresentar as propostas dos deputados britânicos para o Brexit, mas os líderes europeus não se mostraram disponíveis para uma renegociação do acordo.
Entrou com uma mala cheia de ideias para sair de mãos a abanar. Theresa May apresentou as propostas da Câmara dos Comuns, mas em continente europeu encontrou um bloco pouco disponível para mais conversas. Entre a primeira-ministra brtiânica e um Brexit sem acordo, está apenas uma promessa de tentativa de desboquear o impasse.
"O que apresentei foi a nossa posição clara de que devemos garantir mudanças juridicamente vinculativas no Acordo de retirada para lidar com as preocupações que o parlamento tem sobre o backstop. E alterando o backstop juntamente ao restante trabalho que estamos a realizar sobre os direitos dos trabalhadores e outras questões, vamos conseguir obter uma maioria estável no parlamento e é nesse sentido que vou continuar a trabalhar. Agora, não vai ser fácil. Mas o presidente Juncker e eu concordamos que as negociações vão começar agora a ser desbloqueadas, de forma a conseguirmos superar esta situação", revelou a primeira-ministra britânica.
Também o presidente do Conselho Europeu assumiu o compromisso de tentar quebrar o impasse, não sem antes receber uma repreensão pelas observações sobre o lugar reservado no inferno para os mentores do Brexit.
Theresa May afirmou ter levantado "essa questão com o presidente Tusk a propósito da linguagem que usou, não ajudou em nada e causou consternação generalizada no Reino Unido. Expliquei-lhe que deveríamos trabalhar juntos para garantir que possamos construir uma relação próxima entre o Reino Unido e a União Europeia no futuro, e é nisso que ele deveria concentrar-se".
Entre Reino Unido, Parlamento Europeu e Comissão Europeia, a fronteira Irlandesa permanece o tema mais controverso das negociações.
O Parlamento Europeu e a Comissão Europeia garantem estar abertos às soluções apresentadas pelos deputados britânicos, mas rejeitam qualquer perspetiva de renegociação.
"Para nós, uma garantia de backstop é absolutamente fundamental. E se houver problemas com este mecanismo tal como está agora previsto no acordo de retirada, a nossa proposta é tentar resolver o problema na declaração política, porque, enquanto parlamento, estamos abertos desde o primeiro dia a melhorá-la, de forma a torná-la mais vinculativa", declarou o negociador do Brexit do Parlamento Europeu, Guy Verhofstatd.
A bola volta agora a estar do lado de Londres, mais concretamente dos deputados britânicos, que May tem de convencer a ratificar qualquer proposta que surja das conversações com Bruxelas. Um feito que o líder da oposição promete não facilitar. Jeremy Corbyn já estabeleceu termos para o compromisso, entre os quais conta a adesão permanente a uma união aduaneira que May terá muita dificuldade em aceitar.
A cerca de 50 dias até a saída do Reino Unido da UE, os eleitores britânicos estão tão divididos quanto os líderes políticos que os representam. E no meio da incerteza, cabe a cada um olhar para o Brexit como uma visão do céu ou do inferno.