Artista plástica regressa ao Porto com a exposição "I'm Your Mirror" já mostrada em Bilbau. Trouxe peças novas e o polémico lustre de tampões "A Noiva ", censurado em Versalhes, tomou conta do hall do museu
As máscaras que usamos também podem espelhar a multiplicidade de identidades, estabelecendo pontes entre o passado e o futuro.
Como na música homónima de Lou Reed, interpretada pelos Velvet Underground e Nico, “I’ll be your Mirror” inspira uma viagem pelo verdadeiro “eu” no Museu de Serralves que se faz através de uma obra com o mesmo nome. Uma gigantesca máscara veneziana da autoria de Joana Vasconcelos.
“Há muitas Joanas e há muitas identidades. Vamos ver uma parte delas, não vamos ver todas. Efetivamente uma grande parte da minha obra está aqui representada”, disse a artista plástica em entrevista à Euronews.
Sem censura, Joana Vasconcelos mostra, a partir desta segunda-feira, dezenas de obras icónicas desde 1997 até à atualidade numa exposição antológica. A crítica social, o humor e tom provocatório típicos da narrativa peculiar que a define trazem para Serralves uma nova pulsação através de obras como "Cama Valium" (1998), "Sofá Aspirina" (1997) ou "Call Center" (2014), entre outras.
A artista plástica já tinha feito história em Bilbau. A exposição “I’m Your Mirror”, que agora chega a Portugal vinda do Guggenheim, foi a terceira mais vista de sempre no museu basco.
No Porto, conta com a curadoria de Enrique Juncosa, curador independente.
"[Na exposição] é possível ver as diferentes temáticas que aparecem no trabalho de Joana Vasconcelos, incluindo questões de identidade, obras para o público, os 'crafts' e a tecnologia. As coisas que são poéticas e políticas", sublinhou, à Euronews, Enrique Juncosa.
De dentro para fora do museu, Joana Vasconcelos tirou partido dos jardins do Parque de Serralves, onde deu os primeiros passos, para apresentar, até 24 de junho, outras obras tão marcantes como os sapatos “Marilyn” (2009). Ou “Solitário” (2018), um gigante anel de noivado erguido com jantes de automóvel e copos de cristal, que define perfeitamente a alquimista do quotidiano.
Pedro Sacadura, Euronews - É uma das exposições mais aguardadas do ano em Portugal. As metáforas da sociedade atual são espelhadas em mais de duas décadas de trabalho de Joana Vasconcelos e continuarão a ser mostrados internacionalmente. Depois do Museu de Serralves a paragem que se segue é Roterdão [Museu Kunsthal] .”