A dura vida dos venezuelanos em tempos de hiperinflação

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De  João Paulo GodinhoHéctor Estepa
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A inflação aumentou um milhão e 700 mil por cento no último ano na Venezuela e Nicolás Maduro diz que o país é alvo de uma guerra económica.

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Vinte mil venezuelanos atravessam diariamente a fronteira com a Colômbia para comprar o que não conseguem encontrar no país.

Marco Rosales é um destes venezuelanos. Dentro do mercado colombiano, os produtos são bem abastecidos e vendidos a bom preço - incluindo alimentos básicos, como farinha e arroz. Os preços na Venezuela aumentaram em mais de um milhão por cento em 2018, de acordo com os partidos políticos da oposição.

A hiperinflação é tão grave que até mesmo um venezuelano, como Marco, usa pesos colombianos como a moeda de eleição.

“Ninguém aceita mais a moeda venezuelana. No meu caso, nos meus negócios, eu pago em pesos (colombianos), porque tenho de comprar na Colômbia todos os meus fornecimentos. Não é possível encontrar matérias-primas em lado nenhum na Venezuela. Tem de se pagar todos os produtos com pesos e os salários dos funcionários devem ser pagos em pesos”, disse.

Marco culpa os controlos cambiais e a falta de dinheiro da hiperinflação. Para este empresário, o bolívar venezuelano é inútil, uma opinião partilhada por cambistas, como Mónica Tovar: “Temos muito dinheiro em todas as mesas porque as pessoas não querem voltar para a Venezuela com Bolívares. Elas querem comprar pesos.”

O contestado presidente venezuelano Nicolás Maduro acusa os cambistas na fronteira de fazerem uma desvalorização artificial do bolívar. Maduro responsabiliza ainda cidadãos como Rafael, que compra na Colômbia o que simplesmente não está disponível na Venezuela e que, assim, torna tudo mais caro. No entanto, Rafael devolve a crítica e garante que Caracas tem feito a mesma coisa.

”Ele é que ensinou as regras do jogo à sociedade. Agora, todos jogam e todos participam. O monopólio acabou. Já não é mais um exclusivo deles, porque não há produtos e qualquer um pode vir, comprar, enviar e ganhar algum dinheiro.”

Durante o dia, as lojas da fronteira estão cheias de movimento. Os proprietários não escondem que a crise cambial trouxe grandes benefícios para os respetivos negócios.

“Esta era uma zona morta. Nós não vendíamos quase nada e Não havia qualquer produção aqui. Por isso, esta situação jogou a nosso favor. Há mais negócios abertos, abriram vários supermercados. Saímos a ganhar”, contou andrés Jaimes à reportagem da euronews.

Entretanto, o governo venezuelano tentou implementar medidas diferentes para aliviar a hiperinflação, incluindo a criação de uma moeda digital, o petro. Contudo, os preços continuam a subir e Caracas diz que a Venezuela está ser alvo de uma guerra económica orquestrada por Washington.

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