Irão em luto pelo "símbolo de resistência"

Irão em luto pelo "símbolo de resistência"
Direitos de autor APMukhtar Khan
Direitos de autor AP
De  Euronews com Lusa
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Teerão garante que não vai tardar a retaliação contra os EUA pelo assassinato de Qassem Soleimani, o número dois do regime iraniano.

PUBLICIDADE

Três dias de luto e a promessa de uma resposta "implacável" contra os Estados Unidos: o Irão garante que não vai tardar a retaliação pelo assassinato de Qassem Soleimani, o número dois do regime iraniano. Vários analistas falam em "consequências devastadoras e imprevisíveis".

Os destroços do veículo onde seguia Qassem Soleimani, junto ao aeroporto internacional de Bagdad, atestam a violência do ataque aéreo lançado pelos Estados Unidos.

O general iraniano que era considerado, na prática, como um dos homens mais poderosos do Médio Oriente, morreu juntamente com Abu Mahdi al-Muhandis, o responsável pelas forças paramilitares xiitas no Iraque.

O general Esmail Ghaani é a figura do regime que vai substituir o agora mártir Soleimani. A onda de choque que invadiu o Irão não tardou a ganhar forma de resposta: a vingança, promete-se, será "implacável".

"Os movimentos de resistência no Iraque, na Síria, no Líbano e em todo lado estão de luto por Soleimani e querem vingança pelo sangue derramado", declarou Ahmad Khatami, da Assembleia de Peritos do Irão.

O ayatollah Ali Khamenei fala mesmo em Soleimani como o "símbolo internacional da resistência". O Irão mergulhou em três dias de um luto que não vai dissipar-se tão cedo.

"Qassem não era apenas um combatente. Ele representava a esperança dos oprimidos de todo o mundo", dizia-nos uma iraniana. Um homem vaticinava: "Neste mesmo dia, há vários Qassem Soleimanis a nascer".

A morte de Soleimani

Donald Trump ordenou um ataque aéreo para matar Qassem Soleimani, general da Guarda Revolucionária do Irão. Soleimani era o líder da Al-Quds, uma das forças de elite da guarda iraniana, e era um dos militares mais poderosos do país. No ataque, que aconteceu esta noite no aeroporto de Bagdad, morreu também Abu Mehdi al-Muhandis, da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque.

A morte de Soleimani está a agravar ainda mais a tensão entre Irão e Estados Unidos. Na terça-feira, a embaixada norte-americana em Bagdad foi atacada na sequência de um bombardeamento aéreo dos Estados Unidos que matou 25 combatentes da milícia iraquiana. O ataque à embaixada durou dois dias e só terminou depois de Trump anunciar o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

Depois da morte do general Soleimani, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão convocou uma reunião de emergência.

Reações

Segundo um comunicado do secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos, Soleimani estava a desenvolver planos para atacar diplomatas americanos no Iraque e na região. Com a Al-Quds, a força de elite iraniana, foi responsável pela morte de centenas de norte-americanos e elementos da coligação. O Departamento de Defesa também acusou Soleimani de aprovar o assalto inédito à embaixada dos Estados Unidos em Bagdad.

O Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, publicou um vídeo com imagens do que descreve como "iraquianos a dançar nas ruas" para celebrar a morte do general iraniano Qassem Soleimani.

IRÃO

O presidente iraniano, Hassan Rohani, disse que o martírio do general Soleimani aumenta a vontade da nação persa de resistir à agressão dos Estados Unidos.

Muhammad Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irão, afirmou que o assassinato de Soleimani foi "uma escalada extremamente perigosa e imprudente" e que Washington "é responsável por todas as consequências do seu espírito aventureiro desonesto".

O líder supremo do Irão, o Ayatollah Ali Khamenei, prometeu "vingar a morte do poderoso general iraniano Qassem Soleimani" e declarou um período de luto nacional de três dias.

Mohsen Rezai, antigo líder da Guarda Revolucionária iraniana deixa um aviso claro a Washington: "Soleimani juntou-se aos nossos irmãos mártires, mas a nossa vingança contra a América será terrível".

Comunidade Internacional

"O assassínio de Soleimani (...) é um passo arriscado que levará ao aumento das tensões na região", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, citado pelas agências RIA Novosti e TASS. "Soleimani serviu fielmente os interesses do Irão. Oferecemos as nossas sinceras condolências ao povo iraniano", acrescentou o Ministério russo.

PUBLICIDADE

A França pediu "estabilidade" no Médio Oriente. Em declarações à rádio RTL, a secretária de Estado para os Assuntos Europeu disse que " quando estas operações ocorrem, podemos ver claramente que a escalada está em andamento".

A China mostrou "preocupação" e pediu "calma". Em declarações aos jornalistas, o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang, pediu " a todas as partes envolvidas, especialmente aos Estados Unidos, que mantenham a calma e contenção para evitar nova escalada da tensão".

Petróleo dispara mais de 3%

Depois do ataque ao aeroporto do Iraque, o petróleo começou a disparar nos mercados internacionais. Os preços da matéria-prima registaram valorizações de mais de 3% tanto em Londres como nos EUA. Os investidores estão receosas e temem uma escalada da tensão entre Washington e Teerão.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Líder supremo do Irão admite poucos danos no ataque a Israel: "O que importa é a vontade iraniana"

Rússia e Irão unidos contra o Ocidente

Irão anuncia troca de prisioneiros com EUA depois do desbloqueio de fundos iranianos