Lyon não quer novo armazém da Amazon

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Direitos de autor Paul Sancya/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved
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De  Guillaume PetitRicardo Borges de Carvalho
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Habitantes da cidade francesa temem possível impacto negativo na economia local

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Oficialmente, os trabalhos estão a ser executados pela Goodman, parceira da Amazon para armazéns logísticos, mas algumas associações e deputados locais, não têm dúvidas: o gigante mundial do retalho continua a expandir-se.

A chegada de um novo centro logístico da Amazon perto do aeroporto de Lyon, no sudeste de França, é vista com maus olhos por alguns residentes e lojistas.

Duas associações entraram com uma ação judicial para bloquear o projeto. O tribunal rejeitou-a mas as associações interpuseram recurso. Para elas, a Amazon tem uma pegada de carbono demasiado grande.

Embora as emissões de CO2 produzidas em França estejam a diminuir, as emissões importadas do estrangeiro não param de aumentar, ligadas, por exemplo, ao fabrico e transporte de bens de consumo.

Adrien Montagut, da Associação Alternatiba/ANV Rhône estima que "uma grande parte das emissões de carbono provém do fabrico de bens. Com um armazém deste tamanho, a Amazon seria capaz de entregar mais de 240 milhões de novas mercadorias por ano. Portanto, isto está em completa contradição com a vontade de reduzir a pegada de emissões. Só no caso do setor têxtil, estimamos que o número de produtos postos à venda por ano deveria ser dividido por 10".

Se o volume de mercadorias transportadas por via aérea pela Amazon é frequentemente culpado, a empresa respondeu à Euronews que as suas últimas instalações "incorporam os avanços mais recentes em termos de eficiência energética" e lembra-nos que em junho foi lançado um fundo de cerca de 2 mil milhões de euros para "apoiar o desenvolvimento de tecnologias e serviços livres de carbono".

De acordo com as associações, em França estarão a ser criados mais centros logísticos, mas isto não foi confirmado pela Amazon.

Perto de Lyon, as autoridades locais dizem que este novo armazém vai criar mais de mil empregos. O número de empregados continua a crescer na Europa, especialmente na Alemanha, Reino Unido e Polónia.

Mas a expansão da multinacional do retalho também destrói indiretamente mais empregos do que aqueles que cria.

Segundo o ex-Secretário de Estado do Ministério da Economia Digital, Mounir Mahjoubi, só em 2018, cerca de 8 mil postos de trabalho perderam-se em França devido à Amazon.

Adrien Montagut alerta que "que para cada emprego criado pela Amazon, 2,2 empregos são destruídos na economia local. Para além disso, estes empregos são precários e não sustentáveis porque a Amazon procura robotizar muitos dos seus armazéns."

Lola Lebreton, responsável por uma livraria com mais de um século, em Lyon, diz que o domínio comercial da Amazon já se faz sentir há vários anos, com a queda nos preços dos livros e a quebra nas suas vendas na Internet. Esta coproprietária revela que "há dez anos, vendíamos cerca de 25 a 30 por cento dos livros através da Internet e agora baixou para apenas 5%-10%"

A Amazon está debaixo de fogo em vários países europeus. Na Alemanha, os reguladores estão a investigar se a Amazon baixa os preços para os retalhistas que utilizam o seu site. A União Europeia também suspeita que a empresa esteja a violar as regras da concorrência ao explorar dados de vendedores independentes.

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