Executivo britânico admite possibilidade em carta enviada a empresas transportadoras.
Filas de sete mil camiões perder de vista na fronteira em Kent, quando terminar o período de transição do "Brexit" no final do ano, e dias de espera, alertou o executivo britânico. Numa carta enviada às empresas da indústria transportadora, a que a BBC teve acesso, Michael Gove, o responsável pelos preparativos para o pós-"Brexit", descreveu às empresas transportadoras o "pior cenário razoável", quando se concretizar a saída do mercado único e da União Alfandegária da União Europeia.
Um pesadelo para empresas exportadoras e importadoras ao qual haverá que somar a volatilidade provocada pela pandemia de Covid-19.
O executivo alertou ainda para as empresas se prepararem para o embate, o que não caiu bem, conforme conta o correspondente da Euronews em Londres.
Tadhg Enright, Euronews - Aconteceu tudo no dia em que Michel Barnier, o negociador-chefe da União Europeia para as relações futuras com o Reino Unido, esteve em Londres para uma ronda inesperada de conversações, cara-a-cara, sobre o "Brexit", e um reconhecimento, por parte do Governo, em relação ao que pode correr mal se a via do diálogo não funcionar.
Michael Gove, o responsável pelos preparativos para o pós-"Brexit" escreveu aos líderes da indústria transportadora a alertá-los para a possibilidade de terem de enfrentar possíveis filas de sete mil camiões e esperas de dois dias ao se aproximarem do porto de Dover, o porto britânico mais movimentado. Se a indústria não se preparar para a documentação necessária numa realidade pós-"Brexit", este é tipo de cenário possível que se tem evocado desde o referendo.
Os defensores do "Brexit" falam numa tática para amedrontar e os trabalhadores da indústria transportadora estão completamente furiosos por o assunto ser agora evocado. Dizem que alertaram para a situação há meses, que tiveram uma reunião com Michael Gove na semana passada, que descreveram como uma perda de tempo. Sentem que o Governo tentou atirar-lhes a culpa. Sublinham que o reconhecimento do Governo se traduzirá na necessidade de até 50 mil funcionários alfandegários extra para lidar com toda a documentação adicional e, por agora, não há sinais de isso se vir a materializar.
O porto de Dover também avança que foram prometidas verbas do Governo para ajudar a preparar a parte que lhe compete mas que até ao momento não recebeu nada.