Erdoğan apela ao boicote de produtos franceses

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De  Ricardo Figueira
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Em vários países do mundo muçulmano, produtos originários de França estão a ser retirados das prateleiras, em resposta à defesa, por parte de Emmanuel Macron, da liberdade de publicar e mostrar caricaturas de Maomé.

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Na Síria, no Iraque ou no Paquistão: As manifestações contra o presidente Emmanuel Macron e o governo francês repetem-se um pouco por todo o mundo árabe e países de maioria muçulmana, depois das declarações, a propósito do assassínio de um professor, em que defendeu a publicação das caricaturas de Maomé.

Para muitos fiéis, estas caricaturas, que o professor assassinado tinha mostrado numa aula, são um insulto à religião. A representação visual do profeta é estritamente proibida no Islão.

Diz um homem, numa manifestação no Paquistão: "Queremos informar o presidente francês: não interfiram na nossa religião, não a insultem. Respeitamos todas as religiões e todos os profetas, incluindo Jesus. Respeitamos todos, e não queremos que ele aja de forma a ofender os muçulmanos".

Os comentários de Emmanuel Macron vieram em resposta à decapitação de Samuel Paty por parte de um jovem checheno, alegadamente instigado por um pregador fundamentalista. Macron defende a publicação das caricaturas, que estiveram, já em 2015, na base do atentado mortal na sede do Charlie Hebdo, com base no direito à liberdade de expressão.

Depois de por em dúvida a saúde mental de Macron, o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan juntou-se aos apelos a um boicote aos produtos franceses.

Em países como Iémen, Qatar, Argélia e Kuwait, os produtos originários de França estão a ser retirados das prateleiras dos supermercados. Em resposta a Erdogan, a Comissão Europeia pede ao presidente turco para não descarrilar e voltar ao diálogo com o bloco europeu.

Diz Peter Stano, porta-voz da Comissão: "Se continuarmos a ter estas provocações e esta tensão contra a União Europeia ou Estados-membros, vamos ter de pensar mais seriamente numa resposta a essas ações e declarações".

O aumento desta tensão coloca mais pedras na engrenagem das negociações da Turquia sobre uma possível adesão à União Europeia, um processo que começou em 2005 mas está estagnado há vários anos, desde o endurecimento das políticas de Erdoğan, um líder cada vez mais autoritário e criticado pelo Ocidente.

Os episódios de tensão entre a Turquia e a França têm-se sucedido, sobre temas como a Síria, a Líbia e a exploração de gás no Mediterrâneo oriental.

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