Para Plantu ser cartoonista é um combate

Para Plantu ser cartoonista é um combate
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O francês Plantu é cartoonista há décadas, mas para ele esta é muito mais do que uma profissão, é o combate de uma vida: "Não quero pedir desculpas. Quero lutar, combater. Não podemos proibir nada. Temos de abordar todos os temas calmamente, deixando claro que não estamos aqui para humilhar ninguém.

O francês Plantu é cartoonista há décadas, mas para ele esta é muito mais do que uma profissão, é o combate de uma vida: "Não quero pedir desculpas. Quero lutar, combater. Não podemos proibir nada. Temos de abordar todos os temas calmamente, deixando claro que não estamos aqui para humilhar ninguém. Jamais os cartoonistas dinamarqueses ou os cartoonistas do Charlie Hebdo quiseram humilhar mil milhões de muçulmanos, mas foi assim que se entendeu, porque a manipulação funcionou muito bem".

A correspondente da Euronews, Anelise Borges, sublinha que "os cartoons são uma parte essencial da cultura francesa. São ferramentas para contar histórias e alimentam frequentemente o debate político. Às vezes são crus e até desagradáveis, mas os defensores da liberdade de expressão acreditam que os cartoons têm o direito de ser ou de representar o que quiserem".

Mas outros, como o professor Gabriel Lattanzio, perguntam se não deve haver limites. "Os cartoons, na história da França, são um legado precioso. O lado progressista da política no século XIX sentiu que ser provocador, engraçado, era uma forma de alcançar o progresso político. E em muitas correntes políticas atuais sente-se o mesmo. As feministas fazem a mesma coisa, tentam chocar, provocar, ser engraçadas ... e isso pode trazer progresso de inúmeras maneiras. Agora, no que respeita a defender valores e a ser a nação que queremos ser, se quisermos vencer essa luta, temos de ser tolerantes, compassivos, temos de ser todas essas coisas que os terroristas odeiam", afirma.

Para Plantu, não é renunciando aos cartoons que a França vai demonstrar tolerância, pois entende que estes fazem precisamente parte dessa estratégia. "É uma época de incompreensão, em que as culturas se cruzam, mas não se compreendem. Os desenhos existem para isso, para construir pontes com marcadores, de todas as cores. Estou convencido que, no final, a cultura, a democracia e o debate vão ganhar", conclui.

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