Metade da aldeia está sob controlo do Azerbaijão enquanto outra parte responde às orientações da Arménia
Metade azeri, metade arménia, a aldeia de Taghavard, no enclave de Nagorno-Karabakh, transformou-se num símbolo do braço-de-ferro entre os dois territórios.
Dividida em duas partes, um lado encontra-se sob controlo das forças arménias enquanto a parte remanescente da aldeia vive sob as orientações do Azerbaijão.
Centenas de pessoas viram-se obrigadas a abandonar as casas desde que eclodiu o conflito. Pessoas como Susanna Shahramanyan, uma residente da aldeia que se viu forçada a fugir com a roupa do corpo.
"Deixámos a nossa casa. Acordámos com disparos na aldeia e não tivemos tempo de recolher as nossas coisas. Saímos com a roupa do corpo. Quando soubemos que o acordo de cessar-fogo tinha sido assinado regressámos a Stepanakert. Agora tentamos acostumar-nos um pouco à ideia de que talvez tenhamos de ficar aqui", lamentou, em entrevista à Euronews, Susanna Shahramanyan.
Samvel Atayan, por outro lado, regressou a Kaller Taghavard, parte sob controlo arménio, com a mulher e os filhos. Viver perto da fronteira é motivo de incerteza continua.
"Antes desta guerra sentíamo-nos 90% seguros. Agora sentimo-nos apenas 30%. Não tenho medo, já vi tanta coisa na vida. Mas os meus filhos têm medo. Não temos armas. A aldeia foi separada em duas partes. Não sei se é possível viver aqui", acrescentou Samvel Atayan, residente de Kaller Taghavard.
As ruas da aldeia encheram-se de solados em patrulha, transformando por completo a atmosfera relativamente tranquila de outros tempos.
Muitos moradores que se encontram no lado arménio estão agora impedidos de visitar os túmulos de entres queridos que estão no lado oposto.
Para essas pessoas, resta a esperança de que um dia tudo regresse ao normal.