Presidente da Ucrânia tenta acelerar processo de adesão à NATO para reprimir os avanços da Rússia no apoio aos rebeldes no leste do país
Os tiros voltaram a ouvir-se e os soldados a cair no leste da Ucrânia, onde se mantém há sete anos um conflito armado com forças separatistas pró-russas, mas isso não travou o Presidente Volodymyr Zelensky de visitar os soldados na linha da frente desta guerra pela soberania ucraniana.
O líder ucraniano caminhou esta quinta-feira por algumas das trincheiras na zona de combate de Luhansk, no Donbass, uma região sob constante tensão e onde os combates têm vindo a ressurgir desde fevereiro.
Pelo Twitter, afirmou que,
"enquanto comandante-chefe", pretende estar "ao lado dos soldados neste stempos difíceis no Donbass" e por isso estava "a caminho dos locais do agravamento (dos combates)".
Ao mesmo tempo, deixou as condolências pelo "soldado de 23 anos morto a tiro ontem à noite". "A Ucrânia precisa de paz e vai fazer tudo para a conseguir", escreveu o Presidente ucraniano.
Volodymyr Zelensky tentou esta semana acelerar o processo de adesão da Ucrânia à NATO para tentar reprimir os avanços da Rússia. Há relatos da movimentação de diversos recursos militares russos para junto da fronteira com a Ucrânia.
Um alto responsável do Kremlin admitiu entretanto uma possível intervenção militar defender cidadãos russos no leste da Ucrânia.
Citado pela TASS, Dmitry Kozak, o vice-chefe da administração presidencial da Federação russa, reuniu-se com especialistas do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia Russa de Ciências, a quem terá dito que "a Ucrânia está a brincar com fósforos".
O responsável recordou depois uma teoria já expressa pelo Presidente Putin de que poderá estar a gerar-se uma nova "Srebrenica" no leste da Ucrânia e, se for esse o caso, a Rússia será forçada "a defender os cidadãos russos que vivem na região", admitiu Kozak.
Isto depois de a chanceler alemã Angela Merkel ter telefonado a Vladimir Putin a pedir-lhe para retirar as tropas da fronteira, de forma a acalmar as crescentes tensões na região.
Para o analista Matthew Rojansky, especialista nas relações entre os Estados Unidos e a Rússia, "estamos a assistir a uma gestão do conflito".
"Não é uma grande estratégia. Penso ser assim que temos de olhar para o conflito na Ucrânia porque, no final das contas, as grandes potenciais não querem criar ali uma terceira guerra mundial. Embora, os rivais no terreno pareçam estar constantemente a provocar e a agravar os combates", considerou o também diretor do Instituto Kennan do Centro Wilson
As movimentações militares têm vindo a aumentar na região leste da Ucrânia e os combates a intensificarem-se, com ambas as partes a acusarem-se mutuamente de violar o cessar fogo que deveria estar em vigor.
Num dos combates desta semana, morreu mais um oficial ucraniano. O funeral decorreu esta quinta-feira com cerca de 200 pessoas a assistir, ao mesmo tempo que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia visita Kiev em apoio da soberania do país vizinho.
Para a próxima semana, está prevista uma visita do Presidente ucraniano à Turquia e a França. É esperado que o Volodymyr Zelensky vá pedir apoio a Emmanuel Macron neste novo braço de ferro com Rússia.