Rússia reconhece esforços dos talibãs para estabilizar o Afeganistão, mas pressiona Cabul para criar Governo mais inclusivo.
A Rússia reconheceu "os esforços" dos talibãs para estabilizarem o país, após retomarem o poder, no entanto, não deixou de pressionar o Executivo de Cabul para criar um Governo mais inclusivo que represente a sociedade afegã.
Numa conferência, em Moscovo, o Kremlin apelou à comunidade internacional para apoiar o Afeganistão, especialmente numa altura em que o terrorismo no país ameaça toda a região, no entanto, frisou que os talibãs devem comprometer-se com as metas propostas antes de se avançar para o reconhecimento formal do Governo de Cabul.
O representante especial do presidente russo para o Afeganistão, Zamir Kabulov, afirmou que "Este momento [de reconhecimento] acontecerá definitivamente um dia, mas acontecerá. Foi reconhecido por todos na delegação afegã. Quando eles [os Talibãs] começarem a satisfazer as expectativas maioritárias da comunidade internacional, em matéria de Direitos Humanos e inclusividade".
No final da conferência, onde participaram, também, vários países como Paquistão, China, Irão ou Índia, a delegação talibã comprometeu-se a olhar para a situação das mulheres no país.
"Cada país tem as suas próprias condições. As mulheres são nossas irmãs e mães. São respeitáveis para nós e criaremos condições para elas nos locais onde são necessárias, no quadro da shariah", afirmou o vice-primeiro-ministro afegão, Abdul Salam Hanafi.
Desde que os talibãs assumiram o poder, o Afeganistão enfrenta o colapso económico e uma iminente catástrofe humana.
Para fazer face ao problema a Organização das Nações Unidas anunciou, esta quinta-feira, ter criado um fundo especial para manter a economia do país a funcionar e gerar atividades que permitirão às famílias terem rendimento próprio, um esforço que decorrerá paralelamente aos programas de ajuda humanitária.