Uma "luz verde" no caminho escuro dos migrantes

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De  Francisco Marques
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Grupo de polacos residentes junto à fronteira com a Bielorrússia ajuda requerentes de asilo a encontrar algum conforto, mas não um esconderijo na União Europeia

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A "Iniciativa da Luz Verde" é um projeto lançado pelas redes sociais numa pequena vila da Polónia, junto à fronteira com a Bielorrússia, para ajudar os migrantes que procuram uma vida melhor e em segurança na União Europeia.

A iniciativa começou a 12 de outubro pelo Facebook e junta alguns residentes locais, que, através de uma lanterna de cor verde acesa ao início da noite, pretendem ajudar os requerentes de asilo que conseguiram atravessar a fronteira desde a Bielorrússia.

"Não vos ajudamos a esconderem-se nem na vossa futura viagem. Apenas vos ajudamos a sobreviver, num ato de solidariedade para com pessoas em necessidade", avisa-se na página de Facebook criada pelo advogado Kamil Syller, residente em Dubicze Cerkiewne, a cerca de 10 quilómetros da fronteira com a Bielorrússia.

A "luz verde" é, ainda assim, um bom sinal para os migrantes. Seja para se aquecerem, para recarregar os telemóveis ou para conseguirem uma ração de comida para pelo menos um dia da viagem em que se lançaram, explica Kamil Syller, enquanto mostra também "um produto especial para purificar água".

A "Iniciativa da Luz Verde" difunde mensagens de ajuda em diferentes idiomas, incluindo árabe e curdo. Há poucos dias motivou uma onda de solidariedade por toda a Polónia.

Diversas casas e até edifícios públicos iluminaram-se de verde durante uma hora, exigindo respeito pelos direitos humanos, ações de acordo com a lei e o acesso de equipas médicas à zona de exclusão junto à fronteira com a Bielorrússia porque, "nas florestas polacas, há pessoas a sofrer, a adoecer e a morrer", lê-se numa publicação da instituição de solidariedade "Matki na granicę" ("Mães na Fronteira").

Kamil Syller tenta tranquilizar os mais céticos e os desconfiados, garantindo que a "luz verde" não serve para encorajar a migração ilegal. "É apenas uma ajuda à sobrevivência" de quem não tem mais do que frio, fome e a promessa de uma vida melhor a troco de alguns milhares de euros pelo visto de entrada na Bielorrússia e a viagem até Minsk.

Eugeniusz Ostapczuk é um dos parceiros da iniciativa de Kamil Syller, também acedeu a ajudar os requerentes de asilo em trânsito, mas aponta responsáveis pelo agravamento desta onda de migração clandestina.

"Estão a arruinar as nossas fronteiras, a arruinar a Polónia. Alguém conduziu os migrantes aqui e podemos ver quem. São os soldados bielorrussos", acusa.

A luz verde é o sinal. Acende-se ao início da noite. Na página de Facebook da iniciativa lê-se que nestas casas amigas dos requerentes de asilo, e dependendo das possibilidades de cada residente, os migrantes podem encontrar uma refeição, aquecimento, a possibilidade de secar e mudar de roupa, de recarregar os telemóveis e até alguns medicamentos básicos.

O leste da Polónia vive atualmente sob uma enorme pressão exercida por milhares de migrantes a tentar entrar pela Bielorrússia na União Europeia. Muitos têm o sonho de conseguir chegar à Alemanha, o "El Dorado" da ilusão de viver num local seguro e com bom nível de vida.

Outras fontes • DKDR

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