Qatar em velocidade furiosa: Das corridas loucas aos colecionadores de supercarros

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Entramos em velocidade furiosa numa drag race, encontramos entusiastas de supercarros de luxo e vamos ver como correu o primeiro grande prémio de Fórmula 1 organizado pelo Qatar.

Velocidade Furiosa

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O Qatar Racing Club organiza os campeonatos nacionais de drag e de drift. Estes são desportos sérios, em que os carros podem atingir velocidades superiores a 500 km por hora e cruzar linhas de chegada em segundos. Neste momento, estes pilotos estão a preparar-se para as Finais Nacionais de Street Drag.

A drag race - que coloca dois carros e condutores um contra o outro - é um dos desportos motorizados mais emocionantes do mundo e é muito popular no Qatar.

Os mecânicos trabalham arduamente para que cada carro de alto desempenho esteja pronto para as corridas, enquanto os funcionários garantem que as condições da pista são seguras.

Conta Mustapha Atat, piloto: "A drag race requer muita experiência. Tem tudo a ver com a segurança e a preparação para a pista de corrida. Há carros de vários tipos e potências, mas é um tipo de corrida muito mais emocionante do que qualquer outra".

A drag race é muito mais emocionante do que qualquer outra corrida.
Mustapha Atat
piloto

Os condutores têm tanto em que pensar: criar tração, fazer truques de suspensão e conseguir um arranque suficientemente rápido para poderem cruzar primeiro a linha de chegada. Além das capacidades técnicas, parece que os melhores corredores têm algo mais.

"A drag race tem a ver com algo que você tem ou não tem. É tudo uma questão de sentimento. Não se pode ensinar alguém se a pessoa não tiver sensibilidade para isso", diz Mustapha Atat.

Para os Atats, esta é uma paixão de família. Sabrina Atat é operadora da torre de controlo do Qatar Racing Club:"Comecei quando tinha 16 anos, quando apresentaram a equipa júnior de Drag Race no Qatar Racing Club, e eu e as minhas irmãs éramos membros da equipa. Fomos as primeiras raparigas a fazer corridas do Qatar e isso foi muito emocionante para nós", diz.

Mas o clube não realiza apenas competições de Drag Race. Abdullah Al Mothaseb dirige a equipa "Brothers for Drift". Pratica o drift desde 2016 e compete regularmente no Qatar Racing Club e em toda a região. Os pilotos são julgados pela capacidade de segurar a linha, o ângulo do carro, a elegância da condução e a velocidade.

"Quando estamos ao volante, a sensação deve ser de 100% com cada peça no carro. Por isso temos de sentir com os pneus, com o motor, com o volante e com as mudanças", diz

Abdullah é também proprietário de uma oficina de automóveis, onde repara os carros antes e depois das competições. As condições meteorológicas do Qatar significam que a manutenção dos carros é vital: "Temos alguns problemas com o sobreaquecimento do carro. Portanto, este é um dos pontos mais e mais importantes em que temos de nos concentrar quando conduzimos o carro na pista", conta.

Tanto para os condutores como para os espectadores, as drag races e drift races oferecem uma viagem emocionante como nenhuma outra.

Fórmula 1 no Qatar

A Fórmula 1 anunciou um acordo de dez anos que faz com que o Qatar passe a acolher regularmente a F1 a partir de 2023. O Circuito Internacional de Losail realiza provas de MotoGP desde 2004. Como é que se adaptou para ter carros de corrida na pista? Para saber, falámos com Amro Al-Hamad, diretor Executivo da Federação de Motociclismo do Qatar, parte da equipa inicial que intermediou o acordo.

"Não houve alterações ao circuito em si ou à disposição. Apenas melhorámos algumas das características de segurança para, em primeiro lugar, cumprir as normas da Federação Internacional Automóvel", explica.

"Tivemos fanzones e organizámos espetáculos aéreos. Tivemos muito fogo-de-artifício e foi uma experiência, foi muito mais do que um simples evento desportivo para as pessoas participarem", diz. 

Para Amro Al-Hamad, há algo que faz da F1 um desporto diferente de todos os outros: "Eu chamar-lhe-ia uma celebração, mais do que um simples desporto. Há muitos aspetos envolvidos nela. Algumas séries que saíram recentemente, por exemplo na Netflix, como a Drive to Survive, acrescentaram mais sentimento humano aos espetadores sobre o que acontece por detrás das linhas. No passado, as pessoas viam só as corridas na pista e identificavam-se apenas com os condutores. Diria que os desportos motorizados, como a Fórmula 1, estão agora a ser celebrados como mais do que apenas um desporto, ou carros a correr numa pista", explica.

Al-Hamad fala-nos também sobre a Academia de Aarting do Qatar, que ajudou a fundar: "Mesmo antes de conseguirmos o acordo com a Fórmula 1 para acolher a corrida no Qatar, estávamos a investigar as bases do desporto motorizado. Como é que podemos trazer o próximo Nasser Al Attiyah para as luzes da ribalta? Iniciámos um novo ramo que é a Academia de Karting e estamos a recolher muitos entusiastas numa idade mais jovem, para os construir ou traçar o caminho para se tornarem pilotos de corridas profissionais no futuro".

A paixão das coleções

Dos Ferraris aos McLarens, os supercarros raros a passar nas ruas tornou-se uma visão regular aqui em Doha. Mas o que move a paixão por trás das coleções de automóveis de luxo? 

Nestas reuniões, encontramos entusiastas dos modelos mais rápidos do mercado. Falámos com o fã de Lamborghini, Mohammed Al Kubaisi, para saber mais.

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"Quando era criança, adorava carros. Gosto de Lamborghinis, Ferraris, por isso tenho esta paixão e quis fazer um clube em Doha, e comecei o Elite Supercars em 2014", conta.

Este é apenas um dos muitos entusiastas de automóveis do país, cujo hobby é coleccionar supercarros raros e exóticos, como este, um Lamborghini Aventador SV. Agora vamos conhecer alguns dos outros coleccionadores.

O Sheikh Saif Bin Nasser Al-Thani conduz um Ferrari SF90 Stradale 2022 foi conquistado pelos avanços tecnológicos - um modelo híbrido aerodinâmico alimentado por um motor V-8 de duas turbinas e três motores eléctricos: "O meu primeiro supercarro foi um BMW M5. Sinto que estou a conduzir um carro potente, adoro ouvir o som do motor. Estávamos a pensar em ir para a Europa, América, Ásia - viajar à volta do mundo", conta.

Em breve, mais destes carros desportivos irão chegar ao asfalto no Qatar: "Somos agora os retalhistas oficiais da McLaren em Doha. Estamos agora no mercado do Qatar. Estamos a progredir muito. E não é apenas para os compradores de automóveis ou para os proprietários. Na verdade, é muito mais do que isso. Há muitos elementos de design nos carros, muita engenharia interessante nos carros, e é sempre ótimo partilhá-la com todas as pessoas. Pessoas mais velhas, pessoas mais novas e crianças", diz Jassim Al Emadi, CEO da McLaren Doha.

Pelas estradas da memória

Os carros sempre foram uma parte enorme da cultura do Qatar. Do amor pelos "carros musculados" americanos nos anos 60 e 70 a uma mudança para os carros de emissões mais baixas e uma maior consciência dos regulamentos de segurança, a evolução da indústria automóvel teve muita influência. Alguns lugares fazem viajar pela memória, dão uma visão dos carros e do próprio Qatar.

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O museu do Sheikh Faisal bin Qassim Al Thani possui mais de 600 carros. Desde alguns dos primeiros veículos motorizados, como o 1900 Benz Ideal - até alguns dos mais caros do seu tempo. Andar pelo museu é uma lição de história.

"Os carros simbolizam o engenho humano das pessoas que os fabricam, para encurtar distâncias entre lugares, entre pessoas e, o mais importante, para criar pontes entre civilizações", diz Claudio Cravero, diretor do museu.

Os clássicos inspiram muitos outros colecionadores, como Essa Nasser Al Kaabi, que construiu um museu-boutique na quinta de família com 100 anos.

"O meu falecido pai comprou-me este carro em 1991, quando eu era jovem. Vendi este carro há alguns anos e depois voltei a comprá-lo quando, felizmente, o encontrei após uma busca. Não me tinha apercebido como era raro ter um Range Rover imaculado e funcional", conta.

Ao longo dos anos, os fabricantes de automóveis desenvolveram medidas de segurança. Claro que os carros mais recentes têm cintos de segurança, airbags e tiveram em conta outras medidas de segurança, mas muitos dos carros que vêem para aqui nem sequer têm cintos de segurança. O que é interessante é que, independentemente disso, quanto mais velho é o carro, mais caro ele se torna.

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Diz Bernice Thornhill, voluntária do Museu: "Mesmo sendo estrangeira, vejo que a história significa muito para as pessoas daqui e estes carros trazem sempre um pouco de história".

Nestes museus há veículos de colecção do passado, abarcando um período de um século, bem como modelos únicos personalizados. Cada automóvel tem algo a dizer-nos - desde as evoluções tecnológicas e cuidados de segurança ao design.

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