Tribunais russos aumentam o cerco à ONG de defesa dos Direitos Humanos, apesar da pressão da sociedade civil e de dois Nobel da Paz.
Depois da interdição da ONG "Memorial" na Rússia, as autoridades de Moscovo ordenaram o encerramento do Centro de Direitos Humanos ligado a esta organização. O tribunal justifica esta decisão por ter, nas palavras do próprio documento, "ocultado as funções de agente estrangeiro e estar a justificar o terrorismo e o extremismo. A Memorial, fundada em 1989 por um grupo de dissidentes soviéticos, incluindo Andrei Sakharov, é a principal organização de direitos humanos na Rússia e tem exercido uma pressão incómoda sobre o Kremlin em episódios como a guerra da Chechénia. Desde 2012 que a ONG está catalogada como agente estrangeiro por parte da justiça russa.
Natalia Prilutskaya, especialista em temas da Rússia na Amnistia Internacional, diz que este cerco à Memorial vai ter grandes consequências para a sociedade civil russa, porque é um claro sinal de que a repressão vai continuar: "O que aconteceu foi a comprovação de um facto, mas também um sinal claro de que a comunidade internacional e os cidadãos de outros países devem ficar preocupados", acrescenta.
O antigo líder soviético Mikhail Gorbachov e o fundador do jornal Novaya Gazeta Dmitri Muratov, ambos galardoados com o prémio Nobel da paz, tentaram no mês passado, sem sucesso, interceder para que a justiça abandonasse o processo contra a Memorial.