Alterações climáticas ou o combate à pandemia de Covid-19 são pratos fortes da cimeira União Europeia-União Africana que arrancou esta quinta-feira em Bruxelas
A cimeira União Europeia (UE)-União Africana (UA) era para acontecer de três em três anos, mas depois de vários atrasos, por causa da pandemia de Covid-19, os líderes das duas partes voltam a reunir-se em Bruxelas, esta quinta e sexta-feira. A última vez foi em 2017.
Antes do pontapé-de-saída da cimeira, França e os aliados anunciaram a retirada de tropas do Mali.
Desde 2013 que estão a ser enviados efectivos para combater o terrorismo no país, mas alegadas "obstruções" por parte da junta militar maliana precipitaram a decisão.
Em Bruxelas, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, deixou, no entanto, garantias para quem teme o vazio: "Não estamos a abandonar a região do Sahel. Não estamos a abandonar o Mali. Estamos apenas a reestruturar a nossa presença para fazer face à nova situação política".
Os líderes europeus e africanos procuram redefinir a relação, feita de altos e baixos.
Para os africanos esta é uma oportunidade de recomeço, que passa também por colocar as cartas na mesa, desde logo, em matéria climática.
"África não se considera responsável pelo aquecimento global. Emite menos de 4% das emissões globais de CO2. É um continente que não está industrializado e, por isso, [a Europa] não pode exigir que este continente abandone os combustíveis fósseis enquanto eles próprios são responsáveis pela poluição e continuam a usar recursos energéticos poluentes", sublinhou Macky Sall, presidente do Senegal e da União Africana.
Em cima da mesa, nesta cimeira, também está um pacote de investimentos de 150 mil milhões de euros, a ser mobilizado nos próximos anos. Inclui fundos para vários projetos de saúde educação e infraestrutura.
Mas há dúvidas sobre como será o financiamento.
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional diz que África precisa de mais.
"Só para superar o impacto da Covid-19, África precisa mobilizar 285 mil milhões de dólares em cinco anos", referiu Kristalina Georgieva.
Na resposta à pandemia de Covid-19, a suspensão das patentes das vacinas poderia melhorar o acesso global, mas a Europa recusa entregar a tecnologia.
Bruxelas diz que as doações e o aumento da capacidade de produção em África são o caminho a seguir. Qualquer acordo sobre isso, terá, no entanto, de ser discutido entre os líderes.