Supremo Tribunal dos EUA acaba com garantia de direito ao aborto

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a proteção do direito ao aborto que vigorava no país desde 1973, conhecida como Roe vs. Wade.
Cada Estado federal recupera assim o poder de autorizar ou não o aborto, numa decisão que é vista como um gigantesco retrocesso nos direitos das mulheres e uma vitória da direita religiosa ultra conservadora.
As reações não se fizeram esperar. Mal foi conhecida a decisão, manifestantes pró e antiaborto começaram a concentrar-se em frente ao edifício do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, em Washington.
O presidente Joe Biden reagiu assinalando o dia como "um dia triste para o Supremo Tribunal e para o país".
"Hoje, o Supremo Tribunal dos EUA retirou expressamente ao povo americano um direito constitucional que já tinha reconhecido. Eles não o limitaram - simplesmente tiraram-no. Nunca se fez isso a um direito tão importante para tantos americanos. Mas eles fizeram-no. É um dia triste para o Tribunal e para o país", afirmou.
A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, acusou o Supremo Tribunal de radicalismo e de pôr em causa a saúde do povo americano. Pelosi afirmou: "Esta manhã, o Supremo Tribunal radical está a eviscerar os direitos dos americanos e a pôr em perigo a sua saúde e segurança, mas o Congresso continuará a agir para ultrapassar este extremismo e proteger o povo americano".
Pelosi escreveu noTwitter:
O ex-presidente, Barack Obama, acusou o Supremo de ter "atacado as liberdades fundamentais de milhões de americanas.
Em sentido contrário, o vice-presidente de Donald Trump, Mike Pence, considera que "hoje, a vida venceu".
A decisão do Supremo Tribunal dos EUA não torna, por si só, os abortos ilegais, mas devolve o país à situação anterior à decisão Roe v. Wade de 1973, quando cada estado era livre de os permitir ou não.
Isto abre o caminho para que os estados mais conservadores endureçam fortemente a legislação, com penas muito pesadas para o aborto ilegal.
O Mississipi tornou-se o primeiro estado norte-americano a avançar com o processo de proibição da interrupção voluntária da gravidez, poucos minutos após a decisão do Supremo Tribunal dos EUA.