Número de toxicodependentes cresceu 25% na última década

O número de toxicodependentes no mundo aumentou 25% na última década, de acordo com o Relatório da ONU sobre a Droga.
Peter fez experiências com os comprimidos da mãe, para dormir, quando era criança. Mais tarde, começou a tomar morfina e está viciado há 20 anos. O seu amigo, Martin, consome heroína.
Martin explica a sensação que lhe provoca a heroína: "Ficamos quentes. É como se desaparecêssemos. Esquecemos todo o stress e as outras coisas".
Peter fala da experiência com a morfina: "É o único prazer que um viciado tem. Faço-o três vezes por dia. Ao longo dos anos o efeito fica cada vez mais fraco".
Peter e Martin estão a ser acompanhados pela ONG vienense Volkshilfe e tentaram abandonar os opiáceos tomando um medicamento de substituição. As pílulas têm um efeito semelhante, mas não provocam intoxicação.
Durante a pandemia, muitos países mudaram o acesso ao tratamento de substituição. Os doentes podem agora tomar o substituto em casa, em vez de terem de ir sempre à clínica.
Peter, de 51 anos, já esteve em reabilitação cinco vezes - sem sucesso.
"Uma vez que se comece a abusar de drogas, não há forma de escapar. E não sou só eu. Diria que das 200 pessoas que vi em tratamento, talvez duas ou três tenham conseguido deixar", conta.
De acordo com as Nações Unidas, não há apenas um aumento de heroína, mas também um recorde na produção de cocaína que atinge cerca de 2 mil toneladas. Desde 2014 a produção duplicou, sendo a Europa e a América do Norte os dois principais mercados.
Pela primeira vez, o Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime conseguiu comparar o consumo de drogas entre homens e mulheres e descobriu uma dinâmica preocupante, como refere Angela Me, do Gabinete das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime.
"Há alguns desafios para as mulheres terem acesso a tratamento em comparação com os homens. A investigação demonstrou que há um número diferente de desafios: um é o estigma, e o outro é a aceitabilidade".
O repórter da Euronews, Johannes Pleschberger, constata: "O acesso desigual ao tratamento é evidente nas anfetaminas, por exemplo. A nível mundial, metade dos utilizadores são mulheres, mas apenas uma em cada cinco pessoas em tratamento é uma mulher".