Incêndios consomem milhares de hectares no sul da Europa e em Portugal há uma morte

O sul da Europa está de novo a sucumbir ao fogo e, em Portugal, mais de 600 operacionais combatiam 12 fogos ativos em Portugal continental pelas 00:30 deste sábado, após uma sexta-feira marcada pela morte do piloto de um avião anfíbio de combate a incêndios que se despenhou em Foz Côa (Guarda).
Segundo informações oficiais, desde o início do ano já arderam mais de 30 mil hectares, 68% mais do que em 2021, sendo já pior ano de incêndios no país, até esta data, desde o trágico 2017, que ainda viria a ter em outubro um enorme incêndio no centro do país.
No distrito da Guarda, André Rafael Serra, piloto de 30 anos natural do Barreiro, perdeu a vida no combate ao fogo. Após recarregar o avião anfíbio FireBoss no Rio Douro, o antigo elemento da Força Aérea portuguesa não conseguiu manter o controlo da aeronave e viria a cair.
"O óbito foi decretado no local pela equipa médica do helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica. O corpo do piloto ficou carbonizado e o avião anfíbio completamente destruído", disse à Lusa o presidente da Câmara de Foz Coa, João Paulo Sousa.
O Presidente da República, o primeiro-ministro, o Ministério da Administração Interna e a Força Aérea manifestaram as condolências à família do piloto, que deixa uma menina de cinco anos. Marcelo Rebelo de Sousa conta estar presente no funeral do piloto.
"As nossas condolências à família e amigos do ex-piloto da Força Aérea Portuguesa, que perdeu hoje a vida, na sequência da queda da aeronave que pilotava durante o combate aos incêndios, em Foz Côa. Paz à sua alma”, sublinharam as Forças Armadas na publicação na rede social Twitter.
No outro lado da fronteira, os bombeiros espanhóis enfrentavam esta sexta-feira pelo menos 33 incêndios. Os mais graves, o de Las Hurdes e o de Cáceres, que afeta a reserva natural de biosfera de o parque natural de Monfragüe.
Em França, o incêndio mais grave arde no sudoeste, na região de Gironda. Perto de um milhar de operacionais combatiam as chamas num zona onde, desde terça-feira, já arderam mais de 7.800 hectares.
O porta-voz dos bombeiros sapadores gauleses afirmou que a França está "em situação de guerra", numa altura em que o país vive o impacto de uma nova canícula e a ameaça de temperaturas acima dos 40°C.
A Croácia também se debate com uma vaga de incêndios, inflamada pela seca e ventos fortes. Perto de Sibenik, as chamas foram combatidas com recursos a aviões cisterna.
Na Grécia, dois bombeiros morreram quarta-feira na queda do helicóptero em que seguiam perto do Mar Egeu. No noroeste de Creta, os ventos fortes continuavam a dar força às chamas e a impedir os aviões Canadair de operar. Uma vila teve de ser evacuada.
Não muito longe, na Turquia, um incêndio deflagrou perto da estância de Datca e ameaçava áreas residências.
No extremo oposto da Europa, no Reino Unido, foi pela primeira vez em 35 anos ativado o alerta vermelho devido ao calor, com previsão de temperaturas acima dos 40°C, motivando preocupação sobretudo com as pessoas mais vulner1aveis que vivem sozinhas em andares superiores.
Em Marrocos, no norte de África, estão em curso desde quarta-feira incêndios nas províncias de Larache, Ouezzane, Taza e Tetouan. Mais de 1.600 hectares foram já consumidos pelo fogo e um milhar de famílias tiveram de ser deslocadas.
Em Larache, foi descoberto o corpo de uma pessoa com múltiplas queimaduras.