Depois de uma primeira passagem pelo governo, o líder da Liga prepara-se para voltar ao executivo, provavelmente, mais uma vez com a pasta do Interior.
A aliança de direita em Itália tem um programa que pretende reafirmar a parceria com o resto da Europa e com os Estados Unidos, mas neste campo, Matteo Salvini, líder da Liga, é claramente o elefante na sala. Em causa, um passado de ligações estreitas e apoio expresso a Vladimir Putin e à Rússia, assim como de críticas ferozes às políticas da União Europeia.
Numa recente visita a uma localidade polaca na fronteira com a Ucrânia, foi confrontado com as fotos em que usava uma t-shirt com a cara de Putin.
Ligações ao regime russo que são partilhadas por grande parte da família política de Salvini na Europa, nomeadamente a União Nacional de Marine Le Pen, em França. Outro dos parceiros privilegiados de Salvini é o líder húngaro Viktor Orbán, um dos mais criticados na Europa, a quem a União Europeia está a ponderar impor sanções.
Passagem conturbada pelo governo
Não foi por acaso que Salvini escolheu Lampedusa como local para começar a campanha. Este é um dos principais pontos de chegada de migrantes à Europa.
A imigração foi o principal cavalo de batalha de Salvini enquanto foi ministro do Interior, no primeiro governo de Giuseppe Conte, ao adotar uma linha dura neste campo. A proibição de desembarque de navios das ONG com migrantes a bordo causou mais que um braço-de-ferro com outros países europeus e fez Salvini responder, recentemente, em tribunal. A Liga acabou por deixar o governo, no verão de 2019, em rutura com os parceiros. O desentendimento sobre a linha ferroviária de alta velocidade foi a razão oficial para a saída, mas o financiamento da Rússia à Liga era uma pedra no sapato que obrigou Conte a responder no senado.
Dos comunistas e da TV à Liga Norte
Matteo Salvini nasceu em Milão, em 1973 e tornou-se conhecido ao participar em concursos televisivos quando era jovem.
Simpatizante comunista na adolescência, aderiu à então chamada Liga Norte aos 17 anos. Ao assumir a liderança do partido, deu-lhe uma dimensão nacional e enveredou por uma linha mais dura. Com uma posição importante no seio da aliança liderada pelos Irmãos de Itália de Giorgia Meloni, em que se inclui também o Força Itália de Sivlio Berlusconi, Salvini está num lugar privilegiado para regressar ao governo, provavelmente, mais uma vez, com a pasta do interior.