Consultas populares decorrem até 27 de setembro e já foram apelidadas de farsa
Se os eleitores não vão às urnas, as urnas vão até aos eleitores. Nas regiões separatistas da Ucrânia iniciaram-se, esta sexta-feira, os chamados "referendos" sobre a anexação pela Rússia.
Em Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia (sob controlo parcial das forças russas) respira-se democracia, pelo menos para o mundo ver.
Há urnas móveis disponíveis para que todos se possam pronunciar até à próxima terça-feira, mesmo que o desfecho já esteja claro em Moscovo.
O resultado "positivo" foi, aliás, profetizado a plenos pulmões pelo líder separatista de Donetsk, Denis Pushilin: "hoje está-se a fazer história. Todos os residentes do Donbas, que sobreviveram heroicamente a todos estes testes durante oito anos, estão envolvidos. As pessoas não foram desencorajadas pela escolha feita em 2014, pelo contrário."
As palavras, emotivas, foram reproduzidas à letra pelo homem forte de Kherson.
Também aqui, os moradores respondem à pergunta se querem ou não juntar-se à Rússia.
Cenário idêntico vê-se em Mariupol, que a Rússia ocupou depois de semanas de bombardeamentos que provocaram a morte de dezenas de civis.
A Ucrânia recusa baixar a guarda.
"Todos nós estamos a trabalhar para aumentar o apoio à Ucrânia em todo o mundo. Esta é a melhor resposta que podemos ter a par do que as nossas tropas estão a fazer no campo de batalha todos os dias e a cada minuto. Esta é a melhor resposta aos referendos, processos e ameaças da Rússia", sublinhou Oleksandr Kornienko, vice-presidente do Parlamento ucraniano.
As urnas fecham dentro de quatro dias, a 27 de setembro.
Nas regiões de Donetsk e Kherson a votação presencial ocorrerá apenas no último dia.
Para a presidente da Câmara Alta do Parlamento russo (Duma), Valentina Matviyenko, os residentes das áreas ocupadas estão a votar "pela vida ou morte."