Editores e livreiros russos preocupados com a censura

Vladimir Putin de visita à Feira do Livro de Moscovo em 2010
Vladimir Putin de visita à Feira do Livro de Moscovo em 2010 Direitos de autor Alexei Druzhinin/AP
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A Feira do Livro de Moscovo está ensombrada pelas preocupações com a censura. Editores e livreiros temem os efeitos das novas leis

PUBLICIDADE

Os editores e livreiros russos temem que as leis contra a comunidade LGBTQ+ e os chamados "agentes estrangeiros" que têm vindo a ser aprovadas após a invasão da Ucrânia possam afetar todo o tipo de livros.

Na Feira do Livro de Moscovo muitos manifestam preocupação, como Evgeny Kopyov, representante de uma editora, que afirma: "Se estas regras estiverem a ser interpretadas extensivamente, isto poderá afetar um grande volume de literatura, incluindo a clássica. Tudo dependerá da forma como comunicarmos com as autoridades reguladoras".

Para além disso, os editores acreditam que haverá um duplo tipo de censura, a imposta pelo Estado e a imposta pelos próprios autores.

Marina Kadetova, editora-chefe, comenta: "Há muitas e muitas restrições. Claro que elas afetam o trabalho de uma editora, especialmente a autocensura. Os editores, em geral, estão assustados".

Alguns veem na censura uma oportunidade, uma forma de publicidade gratuita para um livro, porque, dizem, quanto mais proibida, mais interessante a obra se torna para o público.

Muitos lembram o samizdat, ou produção clandestina de livros que as pessoas liam às escondidas nas caves, durante a era soviética.

Desde que Vladimir Putin enviou tropas para a Ucrânia a 24 de fevereiro, as autoridades russas reforçaram os controlos sobre o fluxo de informação, incluindo nas artes.

Na semana passada, os legisladores aprovaram um projeto de lei que proíbe todas as formas de "propaganda" LGBTQ em livros, filmes, meios de comunicação e internet.

As autoridades também querem proibir a venda a menores de livros escritos por "agentes estrangeiros" - um rótulo dado a críticos e ativistas do Kremlin, mas também a um número crescente de escritores.

Muitos editores estão à espera que as autoridades esclareçam o que acreditam ser ou não "propaganda" LGBTQ+, mas algumas livrarias em São Petersburgo já se livraram de livros problemáticos, oferecendo descontos até 50 por cento, de acordo com os meios de comunicação locais.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

O "Íris Branco", 40° álbum da saga Astérix já está a venda

Vargas Llosa hospitalizado com Covid-19

Tribunal bielorrusso inicia julgamento de jornalistas que deram voz à oposição