Rússia acusada de "espantoso cinismo" na ONU por violar Acordos de Minsk

Um “espantoso cinismo”. Foi com estas palavras que a delegação norte-americana na ONU descreveu o pedido da Rússia para a realização de um Conselho de Segurança. Moscovo quis reunir o organismo das Nações Unidas esta sexta-feira, por ocasião do oitavo aniversário dos Acordos de Minsk.
"As tentativas de distorcer a história não mudam o facto de que a Rússia é responsável pela sua agressão brutal contra a Ucrânia, apesar de treinar e liderar forças no leste ucraniano desde 2014. A Rússia há muito procura disfarçar e negar o seu papel no conflito. Mas agora podemos ver claramente quais eram em 2014 as suas intenções finais", disse o vice-representante dos Estados Unidos na ONU, Richard Mills.
A embaixadora do Reino Unido, Barbara Woodward, juntou-se ao coro de vozes críticas e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de "rasgar os Acordos de Minsk" ao assinar um decreto reconhecendo Luhansk e Donetsk como entidades independentes para posteriormente lançar uma invasão da Ucrânia, "espezinhando a Carta da ONU".
"Se a Rússia está comprometida com os acordos que assinou livremente, porque é que tentou unilateralmente anexar o território ucraniano, violando esses compromissos? Então, vou relatar-vos as lições que aprendemos: A Rússia mentiu. A Rússia planeava a guerra enquanto pedia diplomacia e desescalada, continua a escolher a morte e a destruição enquanto o mundo clama por uma paz justa", disse Woodward.
Rússia justifica violação dos Acordos de Minsk
O "Pacote de Medidas para a Implementação dos Acordos de Minsk", também conhecido como o acordo de Minsk II, foi assinado por representantes da Ucrânia, da Rússia e das repúblicas populares de Donetsk (DNR) e de Luhansk (LNR), sob mediação ocidental, e adotado em 12 de fevereiro de 2015, para pôr termo à guerra no Donbas.
Mas os conflitos na região nunca pararam verdadeiramente e viram a violência escalar com a invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado. Desde 2019, aRússia organiza uma reunião anual para assinalar a ocasião.
Moscovo justificou as ações, respondendo que “não teve outra escolha se não se proteger o país” das forças ocidentais.
O embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, afirmou ainda que "o Conselho de Segurança falhou no cumprimento da sua função direta, nomeadamente na manutenção da paz e segurança internacionais", acusando ainda os seus "ex-parceiros" ocidentais de criar, através dos acordos de Minsk, "uma cortina de fumo a fim de rearmar o regime de Kiev".
Atualmente cada vez menos canais diplomáticos permitem uma ligação entre a Rússia e o Ocidente. Ainda esta sexta-feira, Moscovo expulsou do território quatro diplomatas austríacos.