Oposição avança com moção de censura contra Macron por causa da reforma das pensões

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De  Euronews  com EFE, AFP
Aprovação forçada enfureceu ainda mais os manifestantes que contestam a propostas nas ruas de várias cidades francesas
Aprovação forçada enfureceu ainda mais os manifestantes que contestam a propostas nas ruas de várias cidades francesas   -  Direitos de autor  AFP

Prometeram e cumpriram. Os deputados de vários partidos da oposição uniram-se e avançaram com uma moção de censura contra o governo do presidente francês, Emmanuel Macron

Em causa está o fato de Macron ter recorrido à Constituição para conseguir a aprovação da legislação sobre o aumento da idade da reforma dos 62 para os 64 anos de idade, sem passar pela prova de fogo do voto na Assembleia Nacional(câmara baixa do Parlamento).

A primeira moção foi apresentada hoje na Assembleia Nacional e firmada por 91 deputados de diferentes formações, de acordo com o presidente do pequeno grupo parlamentar LIOT (Libertados, independentes, ultramar e territórios), Bertrand Pancher.

O grupo reúne deputados do centro-direita ao centro-esquerda.

No entanto, a moção não conseguiu o apoio escrito de nenhum deputado do partido conservador Os Republicanos. O apoio é crítico para que a moção tenha êxito no momento da votação.

Pancher disse lamentar “que nenhum deputado do partido Os Republicanos” se tenha chegado à frente mas admitiu esperar “que sejam muitos na hora de apoiar a moção.” Falou numa “profunda crise política” e apoiou a todos os deputados a “proteger a democracia.”

De acordo com o regulamento da Assembleia Nacional, é preciso esperar pelo menos 48 horas entre o período de apresentação da moção, o debate e votação. À falta de uma decisão da mesa da câmara tudo indica que seria a partir das 14:00 de domingo.

Para derrubar o governo é preciso uma maioria absoluta, ou seja, reunir 289 votos.

Ontem, outros partidos da oposição anunciaram a apresentação das próprias moções de censura.

A líder da extrema-direita, Marine Le Pen, tinha dito que apresentaria uma moção, mas que também votaria outra qualquer, mesmo que seja de esquerda, para fazer cair o executivo da primeira-ministra Élisabeth Borne.

Até ao momento, o presidente Emmanuel Macron não falou em público e também não se manifestou nas redes sociais.

Mas nas ruas de várias cidades francesas enfrenta a revolta popular. A noite passada foi marcada por vários protestos. De acordo com o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, 310 pessoas foram detidas durante a noite. A maioria das detenções, 258, aconteceu em Paris.

Vários grupos, incluindo o movimento dos coletes amarelos que ensombrou o primeiro mandato presidencial de Macron, apelaram aos opositores a desfilarem rumo ao parlamento esta sexta-feira.