Crescimento dos extremos está a enfraquecer o centro político europeu

O novo governo finlandês, com elementos da direita radical
O novo governo finlandês, com elementos da direita radical Direitos de autor Heikki Saukkomaa/Lehtikuva
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De  Stephane HamalianAlberto de Filippis
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Ajudados pelas redes sociais, os extremos políticos, quer à direita quer à esquerda, estão em franco crescimento na Europa, o que tira cada vez mais lugar aos partidos tradicionais.

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É o mais recente exemplo, na Europa, de uma coligação que inclui a extrema-direita: A Finlândia apresentou o novo governo na sexta-feira, incluindo os conservadores e um partido anti-imigração que ficou em segundo lugar nas eleições parlamentares.

Não só a extrema-direita, mas também os partidos da esquerda radical estão a desempenhar um papel cada vez mais importante no debate político, em detrimento dos partidos centristas.

Numa Europa fraturada por divisões políticas que opõem pró e antieuropeus, pró e anti-imigração ou conservadores a progressistas, o centro enfrenta uma concorrência crescente.

Sylvie Guillaume, historiadora e professora universitária honorária, diz: "O centrismo é a procura de um consenso. A partir do momento em em que há uma clivagem e que as clivagens estão a desenvolver-se muito mais através das redes sociais, com clivagens muito fortes e muito duras na sociedade, há um enfraquecimento do centrismo".

Com as redes sociais quase a tomar o lugar dos corpos intermediários - o episódio dos coletes amarelos em França é um exemplo - o eleitorado afastou-se dos partidos tradicionais, cedendo à retórica populista.

"A ascensão do extremismo não é apenas um fenómeno político. É também um fenómeno social. Antes, havia partidos políticos, sindicatos, estruturas que forneciam uma espécie de enquadramento, que tinham, se quisermos, a função de fornecer um enquadramento. Atualmente, esses partidos políticos, ditos tradicionais, entraram em colapso", explica Sylvie Guillaume.

A ascensão do extremismo não é apenas um fenómeno político. É também um fenómeno social.
Sylvie Guillaume
Historiadora

Mas se os partidos tradicionais estão em dificuldades, as suas ideias progressistas e consensuais parecem ser retomadas pelos partidos populistas, assim que se aproximam do poder. Marine Le Pen teve uma reviravolta sobre o tema Europa e a atual primeira-ministra italiana Giorgia Meloni mudou a posição sobre a NATO e a Rússia.

"Podem existir discursos de protesto, podem existir formas de populismo. Mas quando se chega ao poder, e se se quer manter no poder, começa-se a cultivar aquilo a que se chamava um discurso centrista. Os partidos centristas perderam as suas funções no contexto atual, uma vez que as suas ideias foram adotadas", diz o professor universitário Jean-Pierre Darnis.

Resta saber se o Parlamento Europeu, um bastião do centrismo, resistirá à investida dos partidos populistas nas eleições europeias de 2024.

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