EventsEventos
Loader

Find Us

FlipboardLinkedin
Apple storeGoogle Play store
PUBLICIDADE

Fronteira de Gaza com o Egito começa a ferver e a revelar sinas de desespero

Palestinianos, alguns com passaporte estrangeiro, aguardam para entrar no Egito
Palestinianos, alguns com passaporte estrangeiro, aguardam para entrar no Egito Direitos de autor Mohammed ABED / AFP
Direitos de autor Mohammed ABED / AFP
De  Francisco Marques
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Centenas de palestinianos, incluindo crianças, e muitos com passaportes estrangeiros continuam a concentrar-se em Rafah, à espera de poderem fugir da contraofensiva israelita ao Hamas

PUBLICIDADE

Centenas de palestinianos na Faixa de Gaza, muitos com passaportes estrangeiros, continuam a aguardar junto ao posto de fronteira de Rafah a autorização para entrarem no Egito e fugir da anunciada contraofensiva de Israel contra o Hamas, grupo considerado terrorista pela União Europeia.

O desespero aumenta e o ambiente começa a ferver.

Do lado do egípcio, muitos camiões com ajuda humanitária enviada de diversos países começam também a amontoar-se, à espera da autorização para entrar na Faixa de Gaza e distribuir os bens essenciais que são cada vez mais escassos num território sem abastecimentos nem eletricidade há uma semana, e também sem água na larga maioria desta faixa litoral palestiniana sob bloqueio de Israel.

Os palestinianos que deixaram as respetivas casas estão a procurar abrigo em escolas e hospitais geridos pela ONU, mas em especial nas instalações de saúde as condições de ajuda estão a deteriorar-se rapidamente. 

Alguns hospitais asseguram mesmo já estar à beira do colapso, com os respetivos geradores de eletricidade com menos de um dia de combustível para funcionar e os medicamentos armazenados perto do fim.

Um cessar-fogo e a abertura da fronteira chegaram a ser anunciadas esta segunda-feira pela manhã, mas foram desmentidos tanto por Israel como pelo Hamas. Mais tarde, o Egito disse estar ainda a aguardar o acordo de Israel para abrir a fronteira, fechada há uma semana devido ao agravar do conflito.

O posto fronteiriço de Rafah foi alvejado diversas vezes pela artilharia israelita depois do ataque de 7 de outubro do Hamas, que terá feito só nesse sábado mais de mil mortos e despertado de imediato uma sede vingança no governo de Benjamin Netanyahu, um dos maiores defensores da política de colonatos na Cisjordânia.

A contraofensiva, aliás, foi quase imediata e fez-se sentir em centenas de bombardeamentos sobre a Faixa de Gaza, onde vivem 2,4 milhões de pessoas e onde o movimento paramilitar palestiniano se encontra barricado e fortemente armado.

Perante a pressão internacional, e nomeadamente do maior aliado, os Estados Unidos, Israel tem protelado a anunciada contraofensiva "coordenada entre terra, ar e mar" sobre Gaza.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, está de novo em Israel após um périplo pela região, reiterou o apoio da Casa Branca ao Estado hebraico e ao direito, "aliás, a obrigação de se defender a si e ao seu povo", mas não só.

"Os Estados Unidos esto ativamente a trabalhar para garantir que o povo de Gaza possa fugir do perigo e para que a ajuda necessária, comida, água e medicamentos, possa entrar [em Gaza]", expressou Blinken pelas redes sociais.

O Hamas não se importa com o sofrimento dos palestinianos.
Antony Blinken
Secretário de Estado dos Estados Unidos da América

Até a Rússia, que mantém a invasão na Ucrânia e o bombardeamento diário de zonas civis, apelou a um cessar fogo. Vladimir Putin é um conhecido aliado do Irão e, por arrasto, do Hamas, grupo protegido há anos pela República islâmica.

Para mitigar eventuais vítimas civis e uma calamidade humanitária, prevista pela ONU, o governo hebraico tem vindo a prolongar o prazo concedido para os residentes da Cidade de Gaza, no norte do território, se desloquem para o sul, tendo inclusive reaberto o fornecimento de água a partes da região de Khan Younis para tentar atrair o máximo de civis para aquela zona mais próxima do Egito.

O habitual fornecimento de água, eletricidade e combustíveis para a Faixa de Gaza, sob um bloqueio israelita há mais de 15 anos, foi cortado logo no início da invasão para tentar reduzir a capacidade de resposta do Hamas à prometida contraofensiva.

Mais de um milhão de pessoas já se terão deslocado do norte para o sul enclave palestiniano, estimam as Nações Unidas, e o número de pessoas que pretendem mesmo deixar a Faixa de Gaza, e se encontram bloqueadas, tem vindo a aumentar junto às grades da fronteira de Rafah. Entre eles, há muitas crianças.

Terceira luso-israelita morta pelo Hamas

A Comunidade Judaica do Porto confirmou a morte de uma terceira cidadã com passaporte português. Em comunicado divulgado no domingo, aquele organismo confirmou a morte de Tair Bira, de 21 anos, que estava desaparecida desde o ataque do Hamas, a 7 de outubro.

A mãe, Orin Bira, de 53 anos, ficou incontatável no mesmo dia e ainda se encontra na lista dos desaparecidos, que inclui, de acordo com a Comunidade Judaica do Porto, cinco luso-israelitas: Moshe Saasyan, de 26; Gilad Bem Yehuda, de 28; Idan Shtivi, de 28, Liraz Assulin, de 38; e Orin.

Três deles já tinham sido anteriormente também revelados pela Embaixada de Israel em Lisboa.

Tair Bira junta-se assim à trágica lista onde já figuravam Rotem Neumann, de 25 anos, e Dorin Attas, de 22, que participavam no festival Supernova.

O ataque do Hamas a Israel e a consequente contraofensiva sobre a Faixa de Gaza já provocaram a morte de mais de quatro mil pessoas. 

Pelo menos 1.300 pessoas morreram do lado israelita e mais de 2.700 vítimas dos bombardeamentos indiscriminados sobre Gaza. Tudo em 10 dias.

Outras fontes • AFP, Times of Israel, Haaretz, Wafa

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Giorgia Meloni visita Egito para conter imigração ilegal

Hospitais em Gaza "a caminhar para um desastre absoluto"

Sderot, uma cidade israelita fantasma junto à fronteira com Gaza