As Nações unidas falam de "uma catástrofe sem precedentes a desenrolar-se diante dos nossos olhos"
Sobreviver na Faixa de Gaza está a ser cada vez mais difícil para os mais de dois milhões de palestinianos ali bloqueados desde o ataque do Hamas, a 7 de outubro, e a consequente contraofensiva de Israel ao grupo armado, considerado terrorista pela União Europeia.
A situação "está a tornar-se incontrolável" devido à falta de ajuda humanitária, avisou esta quarta-feira o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde.
Israel apertou o cerco ao enclave. Assim que se lançou na vingança pelo massacre de civis cometido pelo Hamas há uma semana e meia, cortou o abastecimento de água, eletricidade e de bens para o território controlado por aqueles grupo palestiniano desde 2007.
As reservas de eletricidade e combustível estão à beira do esgotamento, sobretudo na região de Khan Younis, no sul, para onde fugiram muitos dos habitantes da cidade de Gaza.
"Todos precisam de combustível para bombear água para casa, para regar as quintas e dar de beber aos animais. Todos dependem do combustível. É um bem tão essencial quanto a comida, para nós", afirmou Khalid al-Najjar, um habitante de Khan Younis.
O abastecimento de água potável continua cortado na grande maioria da Faixa de Gaza. Israel é responsável por um terço da água potável consumida no enclave, mas depois de há pouco mais de uma semana a ter cortado para tentar limitar a resistência do Hamas durante a contraofensiva, decidiu reabri-la numa pequena zona.
Perante a pressão internacional e as denúncias de um eventual crime de guerra, por privar os palestinianos de Gaza de bens essenciais, Israel voltou esta semana a abastecer uma pequena região no sul da Faixa de Gaza, para onde tem tentado orientar a evacuação de civis da capital.
O objetivo seria atrair o máximo de civis residentes na Cidade de Gaza, para onde as Forças de Defesa de Israel (IDF) têm uma operação coordenada por terra, ar e mar só à espera da ordem para avançar para, dizem, destruir o Hamas, ali aquartelado numa alegada "cidade subterrânea" construída ao longo dos últimos 15 anos.
A água, entretanto, está praticamente no fim em todo o enclave e nem para a extrair dos poços e das dessalinizadoras existentes no território há combustível suficiente.
O comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla original) alerta para "uma catástrofe sem precedentes a desenrolar-se diante dos nossos olhos".
"Gaza está a ser estrangulada e o mundo parece ter perdido a Humanidade. A cada hora que passa, recebemos mais e mais pedidos desesperados de ajuda de pessoas de tpoda a Faixa de Gaza", disse Philipe Lazzarini, num comunicado da UNRWA, em que lembra os alegados "500 mortos" no hospital atingido terça-feira e os "seis" de uma escola gerida pela ONU como abrigo para 4 mil refugiados que também foi atingida.
Com dezenas de camiões carregados de bens essenciais a aguardar no Egito a autorização para cruzarem o posto fronteiriço de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, o diretor-geral da OMS diz ser "necessário acesso imediato para começara distribuir produtos vitais" para os palestinianos bloqueados no enclave controlado pelo Hamas.