Uma dirigente do Partido da Refundação Comunista italiano foi expulsa da Turquia. Anna Camposampiero estava no país para assistir às eleições autárquicas como observadora, mas Ancara acusou-a de posições pró-curdas. AKP de Erdogan quer recuperar liderança de Istambul, que perdeu em 2019.
As urnas abriram este domingo na Turquia às 7:00, menos três horas em Lisboa, para os eleitores escolherem os próximos líderes das autarquias turcas.
A escolha do autarca de Istambul, que tem 16 milhões de habitantes, será um teste à liderança pouco disputada do presidente Recep Tayyip Erdogan: o atual presidente da câmara, o social-democrata Ekrem Imamoglu, deverá ser reeleito depois de ter vencido em 2019, quebrando a sucessão de governos islâmicos, apesar da oposição do presidente que tem pedido aos apoiantes para não deixarem eleger um social-democrata. O AKP, o partido conservador de Erdogan, costuma ganhar por uma larga margem na Turquia - o presidente foi eleito há menos de um ano para o terceiro mandato consecutivo.
Mais de 60 milhões de eleitores são chamados a eleger autarcas e vereadores de todas as cidades, províncias e distritos do país. A corrida mais importante é disputada, então, nas duas principais cidades da Turquia, Istambul e Ancara. As duas cidades passaram em 2019 para o principal partido da oposição, o CHP, após 25 anos de governo do AKP, e Erdoğan pretende reconquistá-las.
Segundo a AFP, já este domingo, confrontos entre dois grupos na cidade de Agaclidere, de maioria curda, fizeram pelo menos um morto e 12 feridos.
Anna Camposampiero, observadora de Rifondazione Comunista, expulsa da Turquia
Milhares de observadores eleitorais voluntários receberam formação local sobre as regras eleitorais turcas de modo a controlar a fraude e garantir a imparcialidade da votação.
Mas, ao contrário do previsto, Anna Camposampiero, membro da secretaria nacional do Partido da Refundação Comunista (PRC) e membro da Esquerda Europeia, não vai estar na equipa de observadores.
De acordo com o seu partido, Camposampiero foi expulsa da Turquia e embarcou num voo que chegou pela manhã ao aeroporto de Bérgamo.
"Soubemos que o regime de Erdogan proibiu a nossa camarada de entrar na Turquia. Ainda não foi possível verificar as razões da medida, mas tem certamente a ver com o seu compromisso de apoiar os direitos do povo curdo e da oposição de esquerda na Turquia", escreve Maurizio Acerbo, secretário nacional do PRC.
"Recordamos que Anna devia desempenhar o papel de observadora nas eleições locais nas regiões de maioria curda na região de Dyarbakir. A sua expulsão é um bom exemplo do clima de repressão em que se realizarão as eleições locais na Turquia", conclui Acerbo.
Anna Camposampiero é candidata às eleições europeias de junho, integrando a lista “Paz, Tierra, Dignidade”.