Fundador da World Central Kitchen diz que ataque a trabalhadores humanitários não foi "erro infeliz"

Ataque em Rafah faz vítimas mortais
Ataque em Rafah faz vítimas mortais Direitos de autor Fatima Shbair/AP
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José Andrés, 'chef' e fundador da ONG que tem levado ajuda humanitária a Gaza, diz que ataque israelita aos seus funcionários foi direto e intencional e que os veículos onde viajava a equipa estavam claramente identificados.

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José Andrés, o "chef" com nacionalidade espanhola e norte-americana que fundou a organização não-governamental World Central Kitchen, acusa as forças israelitas de terem atacado intencionalmente os veículos onde se deslocavam os trabalhadores humanitários mortos na segunda-feira na Faixa de Gaza e exige uma investigação independente ao ocorrido.

Israel admitiu a autoria do ataque, descrevendo-o como um "erro grave", e o governo já prometeu uma investigação independente.

"Sei que todos compreendem que a alimentação é um direito universal, que a alimentação não é uma arma de guerra. A comida nunca deve ser uma arma. E os ataques aéreos à nossa caravana não creio que tenham sido um erro infeliz. Foi de facto um ataque direto a veículos claramente identificados", defendeu José Andrés.

Segundo a World Central Kitchen - que garantiu desde o início que as forças israelitas tinham sido informadas das movimentações dos trabalhadores - o ataque aconteceu quando a equipa estava a sair de um armazém em Deir al-Balah, depois de descarregar mais de 100 toneladas de refeições levadas para Gaza por via marítima. Os funcionários viajavam em três veículos, dois dos quais blindados e todos identificados com as letras da ONG. Os três automóveis foram atingidos pelas forças israelitas.

À Reuters, Andrés disse mesmo que não se tratou de uma situação de "má sorte, ops, largámos uma bomba no sítio errado", acrescentado que os funcionários da ONG tinham sido atingidos "sistematicamente, carro por carro".

Israel admite "erro grave"

Ao todo, morreram sete trabalhadores humanitários da World Central Kitchen, seis com nacionalidade estrangeira - da Austrália, Polónia, Canadá e Reino Unido - e um palestiniano. Os corpos dos seis estrangeiros foram entretanto levados de Gaza para o Egito, para serem repatriados. A World Central Kitchen suspendeu as operações na Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro israelita garantiu que o ataque não foi intencional e o chefe do Estado-Maior do Exército de Israel classificou-o como um "erro grave" que não deveria ter acontecido.

A ofensiva israelita segue, apesar de tudo, na Faixa de Gaza: um ataque aéreo matou pelo menos oito pessoas em Rafah na noite de quarta-feira. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, desde que a guerra começou, a 7 de outubro, já morreram quase 33 mil pessoas na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e crianças.

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