Decisão foi transmitida pelo líder político do Hamas ao primeiro-ministro do Qatar e ao ministro dos Serviços de Informação do Egito.
O Hamas anunciou que aceitou uma proposta para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, mediada pelo Egito e pelo Qatar, avança a AP.
Um comunicado divulgado esta segunda-feira refere que o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, terá manifestado a intenção de aceitar a proposta de cessar-fogo num telefonema com o primeiro-ministro do Qatar, Sheikh Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, e o ministro dos Serviços de Informação do Egito, Abbas Kamel.
O Qatar e o Egito têm mediado meses de negociações entre Israel e o Hamas. Até ao momento, Israel ainda não reagiu nem avançou com uma posição oficial relativamente aos termos do acordo.
De acordo com a Reuters, cita a Al Jazeera, um alto responsável israelita, sob anonimato, acusou o Hamas de ter aprovado uma versão "suavizada" da proposta egípcia, que não é aceitável para Israel.
A mesma fonte acrescentou que a proposta incluía conclusões "a longo prazo" que Israel não apoiará. Os meios de comunicação israelitas também dão conta de que o governo israelita não aceitou o acordo que estava a ser negociado.
O anúncio do Hamas veio horas depois de Israel ter dado instruções para que os palestinianos começassem a abandonar a cidade de Rafah, no sul de Gaza, antes de uma operação militar israelita. Israel alega que Rafah é a última fortaleza do Hamas na Faixa de Gaza.
Em Rafah, onde se concentra a maioria da população de Gaza, o anúncio foi aplaudido pelos palestinianos que saíram às ruas da cidade para celebrar a decisão do Hamas. A expectativa é que o anúncio detenha a ofensiva militar.
Os detalhes da proposta não foram para já divulgados. Mas nos últimos dias, as autoridades egípcias e do Hamas adiantaram que a proposta prevê um cessar-fogo por fases, em que o Hamas libertará reféns em cativeiro em Gaza em troca do recuo das tropas israelitas no enclave palestiniano.
Não é claro se o acordo atenderá à principal exigência do Hamas de pôr fim à guerra em Gaza e a total retirada das forças israelitas do território.
O que prevê o acordo?
Ainda não são conhecidos os detalhes do acordo final para um cessar-fogo em Gaza. Mas de acordo com fontes citadas pela Al Jazeera a proposta do Egito e do Qatar com a qual o Hamas concordou, inclui três fases, cada uma com a duração de 42 dias.
Na primeira fase seria iniciada uma trégua, juntamente com uma retirada israelita do corredor de Netzarim que Israel usa para dividir o norte e o sul de Gaza.
A segunda fase inclui a aprovação de uma cessação permanente das operações militares e hostis e a retirada completa das forças israelitas de Gaza.
Já a terceira fase prevê uma disposição para pôr fim ao estado de sítio em Gaza imposto por Israel.
Porta-voz das IDF diz que plano para operação em Rafah mantém-se
Numa conferência de imprensa esta tarde de segunda-feira, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Daniel Hagari, garantiu que o exército israelita está a preparar-se para uma operação terrestre em Rafah, apesar do anúncio recente de que o Hamas aceitou os termos para um acordo de cessar-fogo.
Questionado sobre se o anúncio muda alguma coisa nos planos militares, Hagari disse que Israel está a "explorar" todas as informações que recebe.
"Estamos a explorar tudo aquilo que nos chega e estamos a esgotar o potencial para as negociações no sentido de trazer os reféns de volta, que é a nossa missão principal. Mas, paralelamente, continuamos a agir operacionalmente na Faixa de Gaza e vamos continuar", referiu Hagari.
O porta-voz das IDF disse também que Israel tem a "obrigação moral de trabalhar em todas as formas possíveis de trazer os reféns para casa o mais rapidamente possível".
Porta-voz dos EUA diz que Israel deve adiar ofensiva militar em Rafah
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller, confirmou que a resposta do Hamas à proposta de cessar-fogo está a ser analisada.
"Estamos a analisar essa resposta agora e a discuti-la com nossos parceiros na região", afirmou Miller.
"Continuamos a acreditar que um acordo de reféns é do maior interesse para o povo israelita e para o povo palestiniano", acrescentou Miller, sublinhando que um acordo de cessar-fogo também garantiria ajuda a Gaza.
O porta-voz norte-americano também defendeu que Israel deve adiar uma ofensiva militar em Rafah.
"Não podemos apoiar uma operação em Rafah como está prevista", disse Miller, acrescentando que a posição dos EUA sobre isso não mudou.
"Acreditamos que uma operação militar em Rafah neste momento aumentaria drasticamente o sofrimento do povo palestiniano e interromperia drasticamente a entrega de assistência humanitária", acrescentou.
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