Milhares de pessoas manifestaram-se em diferentes cidades polacas, um dos países europeus com as leis mais restritivas no direito à interrupção voluntária da gravidez.
Grupos polacos de direitos das mulheres manifestaram-se me todo o país na terça-feira contra a rejeição, por parte do parlamento, de um projeto de lei destinado a modificar a restritiva lei do aborto do país. Em Varsóvia, o protesto juntou centenas de pessoas fora do edifício do parlamento, antes da pausa de verão.
O projeto de lei visava eliminar a criminalização da assistência ao aborto que, neste momento, é punida com até três anos de prisão. No entanto, a 12 de julho, esta proposta acabou por não ser aprovada, apenas com a diferença de três votos, num processo que mostrou as divisões dentro da própria coligação no poder.
Os manifestantes afirmam que esta lei tem efeito paralisante sobre os profissionais de saúde e já levou à morte de várias mulheres que não tiveram acesso a um procedimento seguro.
Promessa do governo
A coligação no governo comprometeu-se a liberalizar as leis polacas sobre a interrupção da gravidez, que estão entre as mais restritas da Europa. Atualmente, o aborto é apenas permitido apenas se a gravidez for resultado de uma violação, de incesto ou se representar uma ameaça direta à vida ou à saúde da mãe.
Antes dos protestos, o primeiro-ministro polaco Donald Tusk declarou sentir-se “muito mal por não ter encontrado argumentos que convencessem” aqueles que votaram contra o projeto de lei.
Mas associações de direitos das mulheres acusaram a aliança no governo de recuar em relação às promessas eleitorais.
"Estamos aqui porque queremos mostrar que o aborto é algo de que precisamos. Precisamos que seja regulamentado agora e precisamos do que o governo nos prometeu", declarou um manifestante.
"Votámos no governo que nos prometeu uniões civis. Votámos no governo que nos prometeu o aborto. Tenho uma esposa, tenho uma filha e sou solidário com as mulheres. Além disso, os homens não deveriam ter nada a dizer sobre este assunto. E, se tiverem, deveriam simplesmente apoiar as mulheres", explicou outro participante no protesto.