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Ucranianos de etnia húngara escondem-se da guerra

Euronews falou com refratários à guerra
Euronews falou com refratários à guerra Direitos de autor Euronews
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De  Zoltan Siposhegyi
Publicado a Últimas notícias
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A Euronews foi ao encontro de homens da região ucraniana da Transcarpátia, vizinha da Hungria, onde homens de etnia húngara tentam fugir ao recrutamento para a guerra.

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Todos os dias cresce o número de sepulturas no parque junto ao cemitério do Calvário em Uzhhorod, no oeste da Ucrânia.

Nos últimos dois anos e meio, este lugar tornou-se o local de homenagem aos combatentes da Transcarpátia, região vizinha da Hungria, Eslováquia e Roménia, mortos na guerra da Ucrânia. A região já pertenceu ao Império Austro-Húngaro e depois à Checoslováquia, tendo sido cedida à União Soviética em 1945 e depois incorporada na Ucrânia.

Cerca de 70.000 soldados ucranianos morreram desde a invasão em larga escala da Rússia em 2022, de acordo com estimativas dos EUA. Muitos eram de etnia russa, húngara ou cigana.

Igor, de 42 anos, foi enterrado aqui, no cemitério militar de Uzhhorod, há apenas 10 dias. A campa ainda está coberta com flores secas. Quase todos os dias há uma cerimónia fúnebre. Os homens da região, que se escondem da guerra, só têm um desejo: não querem ser enterrados aqui.

Nos primeiros dias da guerra, pais e filhos de etnia húngara da Transcarpátia fugiram para a Hungria para escapar aos recrutamentos militares, mas alguns não quiseram deixar as suas vidas para trás.

Jogo do gato e do rato

Dois homens húngaro-ucranianos escondidos no oeste da Ucrânia falaram à Euronews, sob condição de anonimato, sobre o impacto que a fuga ao recrutamento teve sobre eles.

O mais jovem vai para o trabalho todas as manhãs há mais de dois anos. Sabe que, se for apanhado num posto de controlo, será transportado a centenas de quilómetros de distância, para um gabinete de recrutamento, nessa mesma tarde: "Se pudermos ir, vamos; se não, ficamos em casa. Tentamos manter-nos informados de todas as formas possíveis. Telefonamos uns aos outros ou enviamos uma mensagem a dizer onde estão os pontos de controlo", conta.

Mostra-nos no seu telemóvel como dezenas de milhares de homens partilham informações online para não serem apanhados pelos agentes de recrutamento.

O outro, mais velho, tem outra técnica: "A minha mulher passa à minha frente todas as manhãs. Certifica-se de que não há polícias ou militares em lado nenhum. É assim que chegamos ao trabalho. Se eles aparecerem, entramos no mato. O mais importante é evitá-los", explica.

Peter, reformado húngaro-ucraniano
Peter, reformado húngaro-ucranianoEuronews

Peter está agora reformado, por isso não tem nada a temer.

No entanto, se outros forem apanhados pelos recrutadores, têm duas opções: pagar ou lutar. De acordo com as histórias que ouviu em Uzhhorod, os subornos para evitar a linha da frente aumentaram.

"Um rapaz da aldeia contou-me recentemente que foi libertado por 800 euros. Não lhe deram qualquer garantia, mas deixaram-no sair pelo portão. Há quem tenha pago 5000 euros", diz.

Uma coisa é certa: todos aqueles que podem evitar a guerra, fazem-no. Para os homens de etnia húngara nesta região, a aparição de um carro de polícia é sempre motivo de nervosismo.

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