A Casa Branca manifestou o seu apoio a uma iniciativa europeia destinada a pôr termo à guerra na Ucrânia, mas absteve-se de especificar qual o papel que os Estados Unidos desempenhariam no plano proposto.
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, voltou a atacar Volodymyr Zelenskyy, criticando a relutância do presidente ucraniano em negociar um acordo de paz com a Rússia.
Numa conferência de imprensa na Casa Branca, durante a qual anunciou um investimento de 100 mil milhões de dólares (95,3 mil milhões de euros) nos EUA por parte do gigante taiwanês dos semicondutores TSMC, Trump afirmou que esse acordo poderia ser alcançado rapidamente se Zelenskyy estivesse disposto a tal.
Trump também insinuou que a recusa do presidente ucraniano em encetar negociações poderia levar à sua queda, acrescentando que "se alguém não quiser fazer um acordo, não estará por cá muito tempo".
Entretanto, Zelenskyy expressou dúvidas sobre a confiança no presidente russo Vladimir Putin e insiste que qualquer cessar-fogo deve incluir garantias de segurança dos EUA e da Europa.
Também sugeriu que o fim do conflito ainda está "muito, muito longe", uma declaração que Donald Trump descreveu como a "pior" possível numa publicação na rede social Truth Social.
A relação entre Trump e Zelenskyy tem sido tensa após uma reunião polémica na Casa Branca, em que o presidente norte-americano e o vice-presidente JD Vance repreenderam Zelenskyy por, segundo eles, não estar a apreciar suficientemente o apoio dos EUA à Ucrânia.
No seu próximo discurso perante o Congresso, Trump deverá discutir o futuro de um acordo com a Ucrânia sobre os minerais das terras raras, que foi agora posto em causa.
Embora anteriormente se tenha recusado a assinar o acordo com a Ucrânia, citando a falta de apreço de Zelenskyy, Trump continuou, no entanto, a descrever o acordo como "ótimo". Espera-se que revele mais pormenores durante o seu discurso de terça-feira.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, também garantiu às autoridades britânicas que os EUA estão empenhados em negociar o fim do conflito Rússia-Ucrânia, expressando gratidão pelos esforços do Reino Unido para incentivar a Europa a reforçar a sua defesa, numa conversa telefónica com o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy.
Escalada das tensões comerciais
Donald Trump anunciou também que os EUA vão começar a impor uma tarifa de 25% sobre as importações do Canadá e do México a partir de terça-feira.
O anúncio suscitou preocupações quanto à possibilidade de um novo conflito comercial na América do Norte, que poderá agravar a inflação e abrandar o crescimento económico.
Em declarações aos jornalistas na sala Roosevelt da Casa Branca, Trump disse: "Amanhã - tarifas de 25% sobre o Canadá e 25% sobre o México. E isso vai começar". O presidente norte-americano acrescentou que estas tarifas são necessárias para pressionar os dois países a tomarem medidas mais fortes contra o tráfico de fentanil e a imigração ilegal.
Trump também reiterou o seu plano de aumentar as tarifas sobre todas as importações chinesas de 10% para 20% como resposta às atuais exportações de fentanil da China para os EUA, criticando ainda a China por não ter tomado medidas suficientes para resolver a atual crise das drogas ilegais.
Indicou igualmente que os direitos aduaneiros fazem parte da sua agenda mais vasta para resolver os desequilíbrios comerciais e incentivar a deslocalização da indústria transformadora para os EUA.
O anúncio causou rapidamente turbulência no mercado bolsista, com o índice S&P 500 a cair 2% nas negociações de segunda-feira à tarde.
A medida sublinha os riscos políticos e económicos que Trump está disposto a correr para atingir os seus objetivos, com estas tarifas a poderem conduzir a uma inflação mais elevada e a uma potencial rutura das relações comerciais de longa data com o Canadá e o México.
Trump tinha anteriormente concedido ao México e ao Canadá um adiamento de um mês para lhes permitir fazer concessões, mas declarou agora que não há mais espaço para negociação, sinalizando que as novas tarifas sobre ambos os países iriam prosseguir.
Os produtos energéticos canadianos, como o petróleo e a eletricidade, serão também sujeitos a uma tarifa de 10%.
A ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, Mélanie Joly, respondeu sublinhando que o Canadá está preparado para retaliar com os seus próprios direitos aduaneiros, avaliados em 155 mil milhões de dólares (148 mil milhões de euros).
A ministra sublinhou que a primeira série de direitos aduaneiros canadianos, num total de 30 mil milhões de dólares (28,6 mil milhões de euros), será aplicada se os EUA avançarem com o seu plano.
Entretanto, a presidente mexicana Claudia Sheinbaum afirma que o México ainda está à espera da decisão de Trump. "É uma decisão que depende do governo dos Estados Unidos, do presidente dos Estados Unidos", disse Sheinbaum. "Seja qual for a decisão, nós tomaremos as nossas decisões, e há um plano, há unidade no México", vincou.
O México já havia respondido às exigências de Trump com o envio de 10 mil soldados da Guarda Nacional para combater o tráfico de drogas e a imigração ilegal.
O Canadá, por seu lado, nomeou um "czar" do fentanil, apesar do papel relativamente limitado do país na crise do fentanil nos EUA.