No domingo de manhã, o petroleiro Frontline, que navegava entre o Irão e os Emirados Árabes Unidos, apareceu subitamente, segundo os dados de localização, como tendo "parado" em terras agrícolas na Rússia, levantando preocupações sobre a segurança da navegação no Golfo.
Por volta das 16h15, os sinais do Sistema de Identificação Automática (AIS) mostraram que o navio petroleiro Frontline estava perto da cidade de Bidkhun, no sul do Irão, antes das suas comunicações atravessarem o Golfo, informou a Reuters, citando dados de localização de empresas de análise marítima.
De acordo com um relatório da empresa de análise marítima Windward, mais de 1000 navios foram já afetados, desde as mais recentes tensões entre o Irão e Israel. O relatório destacou uma colisão a sul do Estreito de Ormuz entre dois petroleiros que se incendiaram, um dos quais era o Front Eagle, um navio irmão do Front Tyne, que parecia estar em terra dentro do Irão a 15 de junho, de acordo com dados da Kepler.
Amy Daniel, diretora executiva da Windward, afirmou: "Normalmente não vemos interferência no Estreito de Ormuz, mas agora é muito diferente". Jim Skoro, secretário-geral da Federação Internacional de Armadores, acrescentou: "Atualmente, a maioria dos navios depende de sistemas digitais. Se o GPS se avariar, o capitão depende apenas dos seus conhecimentos básicos de navegação", afirmou Skoro.
A manipulação externa dos sinais é designada por "empastelamento", enquanto a manipulação deliberada pelo próprio navio é designada por "falsificação" e é normalmente utilizada para esconder destinos ou tipos de carga, como explica Dimitris Ambatzidis, analista da Kepler.
Estes fenómenos foram observados no Mar Negro durante os ataques russos aos portos ucranianos, no Estreito de Taiwan e ao largo das costas da Síria e de Israel. No mês passado, chegaram a aparecer petroleiros em terra no porto de Port Sudan, apesar de estarem a navegar no mar, de acordo com análises de dados de navegação.
Em março, a Organização Marítima Internacional (OMI) emitiu uma declaração conjunta com outras agências da ONU, manifestando a sua preocupação com a crescente interferência nos sistemas de navegação em todo o mundo.
Dados da Lloyd's List Intelligence mostraram que o navio-tanque Shi Wang Mu, sancionado pelos EUA, falsificou a sua localização digital para parecer estar atracado num templo hindu na Índia, revelando a amplitude deste fenómeno complexo.