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Uma "ameaça pelo menos equivalente à do terrorismo": Estado francês faz frente ao tráfico de droga

Visita do Presidente francês Emmanuel Macron, em 19 de março de 2024, ao bairro de La Castellane, em Marselha
Visita do Presidente francês Emmanuel Macron, em 19 de março de 2024, ao bairro de La Castellane, em Marselha Direitos de autor  AP Photo/Christophe Ena, Pool
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De Vincent Reynier
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O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, e o ministro do Interior, Laurent Nuñez, estiveram em Marselha na quinta-feira para reafirmar a vontade do governo de combater o narcotráfico, após o assassinato de Mehdi Kasseci.

O governo francês pretende intensificar a luta contra o narcotráfico, que representa hoje uma "ameaça pelo menos equivalente à do terrorismo", segundo o ministro da Justiça, Gérald Darmanin.

O ministro da Justiça visitou Marselha na quinta-feira, acompanhado pelo ministro do Interior, Laurent Nuñez, para se reunir com as forças de segurança e altos magistrados envolvidos na luta contra o tráfico de drogas na cidade, após o assassinato de Medmi Kasseci.

Este homicídio, ocorrido em plena luz do dia na última quinta-feira, é o terceiro desde o início de outubro na segunda maior cidade de França.

"Estamos cientes de que é preciso fazer muito mais"

Fazendo referência ao grupo criminoso DZ Mafia, que controla grande parte do tráfico de estupefacientes em Marselha, Gérald Darmanin declarou, na quinta-feira, que as autoridades estavam a vencer "com dificuldade" uma "batalha muito, muito dura contra uma organização criminosa que, sem dúvida, movimenta cinco a seis mil milhões de euros em dinheiro vivo".

O ministro da Justiça afirma ainda que "o que se passa com a DZ Mafia afeta pelo menos uma dezena de outros departamentos, nomeadamente no sul de França".

O ministro da Justiça de França, Gérald Darmanin, abandona a reunião semanal do Conselho de Ministros, na terça-feira, 14 de outubro de 2025, no Palácio do Eliseu, em Paris
O ministro da Justiça de França, Gérald Darmanin, abandona a reunião semanal do Conselho de Ministros, na terça-feira, 14 de outubro de 2025, no Palácio do Eliseu, em Paris AP Photo/Michel Euler

"Temos outras redes criminosas que combatemos com a maior força e que, espero, graças aos meios da lei do narcotráfico [...], permitirão responder a uma ameaça que mata em grande escala e que é, pelo menos, equivalente à do terrorismo no território nacional", prosseguiu.

Gérald Darmanin prometeu que mais magistrados e funcionários judiciais serão enviados em breve para reforçar Marselha, considerando que "também é preciso saber combater a corrupção, que afeta os serviços de investigação e, possivelmente, os tribunais".

O ministro da Justiça afirma que "uma dezena de inquéritos" foram abertos "contra agentes que teriam sido corruptos e que fornecem informações a organizações criminosas".

Por seu lado, Laurent Nuñez afirmou, na quinta-feira, que França tem de "fazer muito mais" para combater o tráfico de droga. Na sua opinião, o assassinato de Mehdi Kessaci foi "um crime que visa assustar e atingir, de alguma forma, a República e o Estado".

A polícia de Marselha defende a tese de que se trata de"um crime de intimidação" contra o seu irmão Amine Kessaci, um ativista muito empenhado na luta contra o tráfico de droga.

Governo propõe um novo regime de sanções contra o crime organizado

Estas declarações surgem depois do ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, ter proposto, na quinta-feira, a criação, a nível europeu, de um "regime transversal" de luta contra os atores do crime organizado.

O Quai d'Orsay indica que este projeto visa "punir diferentes tipos de crimes", incluindo o narcotráfico, que representa "uma ameaça prioritária para a segurança europeia", mas também o tráfico de armas, de seres humanos, de migrantes e os crimes ambientais.

Esta proposta insere-se no âmbito de um plano de ação para combater o narcotráfico à escala internacional, numa altura em que se impõe uma maior colaboração entre as autoridades nacionais face a uma criminalidade que já não conhece fronteiras.

No passado domingo, em Málaga, uma operação conjunta das polícias espanhola e equatoriana permitiu a detenção do narcotraficante "Pipo" Chavarría, que se tinha feito passar por morto durante um motim na prisão em 2021.

O governo equatoriano afirma que o traficante "ordenava assassinatos no Equador" a partir do estrangeiro, controlava operações ilegais de extração de ouro e coordenava as rotas de estupefacientes em colaboração com o cartel mexicano Jalisco Nueva Generación.

Traficantes de Marselha expandem o seu domínio de ação na Bélgica

No início da semana, Laurent Nuñez também apelou a uma maior cooperação entre os Estados, uma vez que as autoridades suspeitam que os traficantes de droga do bairro de Castellane, em Marselha, tenham expandido as suas atividades para o município belga de Anderlecht.

De acordo com uma reportagem da France Télévisions, inscrições e grafittis feitos nas paredes do bairro de Peterbos, em Anderlecht, são idênticos aos usados pelo clã de Castellane.

"Aqui vemos 13,17 euros. 13 é o indicativo de Bouches-du-Rhône e 17 seria o 17.º arrondissement de Marselha, que não existe, mas que se diz ser Peterbos", explica o presidente da Câmara da cidade, Fabrice Cumps, para quem não há dúvidas quanto ao envolvimento dos traficantes de Marselha.

"É uma logística muito profissional, com códigos QR que permitem distribuir a mercadoria através de recrutas. Portanto, sim, todas essas constatações que fizemos em Marselha foram sendo encontradas gradualmente aqui. Foi mais uma parceria que se estabeleceu", continuou.

No âmbito da investigação, Fabrice Cumps deslocou-se a La Castellane, enquanto o procurador de Marselha, Nicolas Bessonne, viajou para a Bélgica. Este último explica que as duas partes "emprestam-se material, mas também mão-de-obra".

Segundo as autoridades, foi estabelecida uma parceria entre os líderes dos clãs de La Castellane e da cidade de Peterbos, tendo os dois homens se encontrado várias vezes em Marselha.

Detidos e encarcerados, um em Argel e o outro na Bélgica, teriam, no entanto, continuado a dirigir as operações criminosas do seu gangue a partir da prisão.

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