Brescia é a primeira montra europeia de Badiucao, um artista dissidente conhecido como "o Banksy da China".
A cidade do norte de Itália apresenta uma coleção de obras deste artista crítico do governo liderado por Xi Jinping, onde nem os jogos olímpicos de inverno de 2022, marcados para Pequim, são poupados.
A exposição foca-se na denúncia da repressão e da censura do regime comunista chinês, com incidência também neste período de Covid-19, uma pandemia com origem registada em Wuhan, há quase dois anos.
"Sempre tive muito claro a vontade de usar a minha arte para expor as mentiras, para expor os problemas do governo chinês, para criticar o governo chinês. No entanto, por outro lado, é sempre uma celebração do povo chinês, da bravura dos chineses e do quão inteligentes os chineses são. Mesmo quando estão sujeitos a um ambiente tão difícil com um governo autoritário", afirmou Badiucao, sobre a primeira exposição em nome próprio na Europa.
O município de Brescia terá sido mesmo pressionado pela embaixada chinesa em Roma para não aceitar a exposição de Badiucao.
No entanto, as supostas ameaças implícitas de bloqueios comerciais a esta cidade industrial no norte de Itália não tiveram êxito.
"Nenhum de nós, em Brescia, nem no governo municipal nem entre os cidadãos, teve a mais pequena dúvida de que esta exposição devia ir em frente. Temos o desejo e a vontade de proteger a arte e de defender a liberdade artística", afirmou Laura Castelletti, a vice-presidente da câmara de Brescia.
"A China não está fechada" é o título desta retrospetiva de um artista radicado na Austrália e que já foi assistente de Ai Weiwei, outro famoso dissidente chinês agora a viver e a trabalhar em Portugal.
Badiucao tentou mostrar a sua obra em Hong Kong em 2018, mas foi impedido. Agora, "o Banksy da China" conseguiu voltar a partilhar a sátira que tem vindo a criar em torno da propaganda do regime de Pequim.
O artista vai manter as portas da China abertas em Brescia até 13 de fevereiro.