A União Europeia segue com atenção as eleições presidenciais no Irão, às quais se recandidata o atual presidente Hassan Rohani, que levou a bom porto o acordo nuclear com as potências ocidentais. Mas
A União Europeia segue com atenção as eleições presidenciais no Irão às quais se recandidata o atual presidente Hassan Rohani, que levou a bom porto o acordo nuclear com as potências ocidentais.
A nova administração norte-americana ameaça pôr em causa o acordo, mas Klaus Buchner, eurodeputado do partido dos Verdes que trabalha nas relações com o Irão, sublinha que “não somos uma colónia dos Estados Unidos”.
“Temos uma política independente e penso que a União Europeia está muito empenhada em continuar a melhorar a situação”, acrescentou o membro do Parlamento Europeu.
Mas este sucesso não está a ser aproveitado politicamente por Bruxelas para fazer avançar outros domínios, sublinha Majid Golpour, um analista político da Universidade Livre de Bruxelas.
“Ao privilegiar o acordo nuclear, Rohani deixou de dar atenção a outros dossiês, entre os quais o dos direitos humanos no Irão. É preciso dizer que não sabemos porque é que há esta reticência, nomeadamente da Comssisão Europeia, em discutir a questão dos direitos humanos”, referiu o analista.
Majid Golpour também critica a falta de proatividade da União Europeia junto do Guia Supremo, o líder religioso que toma as principais decisões.
“Desde que se retomaram as negociações entre os EUA e o Irão, a administração Obama esteve ciente das relações de poder no Irão e estabeleceu relações diretas com o Guia Supremo da República Islâmica. Tanto a China como a Rússia, quando precisam de resolver problemas ao nível regional, contactam diretamente com a administração do Guia Supremo”, explicou o analista.
O principal adversário de Hassan Rohani é Ebrahim Raissi, um conservador que os analistas consideram ambicionar, mais que a Presidência, a sucessão ao Guia Supremo.
No acordo nuclear, concluído entre a administração Rohani e as potências mundiais do chamado Grupo 5+1, Teerão aceitou reduzir as atividades nucleares em troca do levantamento das sanções económicas, mas o esperado alívio económico ainda não se produziu.
Graças ao acordo nuclear, a retoma das exportações de petróleo permitiu, em 2016, um crescimento de 6,5% e a redução da inflação de 40% para 9,5%. Mas o investimento estrangeiro esperado continua por se concretizar e a taxa de desemprego atinge os 12,5% globalmente, 27% entre os jovens.
O acordo nuclear, aprovado pelo Guia Supremo, não é questionado por nenhum dos candidatos, mas os conservadores rejeitam a necessidade de investimento externo, defendendo uma “economia de resistência” assente no “made in Iran” e nos investimentos nacionais.
A situação das classes populares e o desemprego são explorados pelos conservadores, que prometem triplicar a ajuda aos mais desfavorecidos e criar um milhão de empregos, por ano.
Cerca de 56 milhões de eleitores estão convocados para as eleições, 2,5 milhões dos quais votam no estrangeiro.