Balanço da presidência alemã da UE

No dia 1 de julho a Alemanha recebia da Croácia a presidência rotativa da União Europeia.
O bloco sofria os efeitos da pandemia, a economia entrou numa crise sem precedente e os planos ambiciosos da UE foram literalmente colocados na prateleira.
Dada a escala da calamidade, o governo da chanceler Angela Merkel meteu de imediato mãos à obra.
Os próximos seis meses seriam cruciais para o futuro do continente.
A prioridade de Angela Merkel era salvar a Europa da calamidade causada pela Covid-19.
"O objetivo mais importante da presidência alemã é conseguir acordo no fundo de recuperação e no quadro financeiro plurianual. Com este recente acordo ao nível do Conselho Europeu, podemos dizer que este grande objetivo foi alcançado. Tudo o resto foi colocado em segundo plano pela dificuldades da pandemia", defende Nicolai von Ondarza, do Instituto alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança.
Merkel e aliados no Conselho, em particular, o presidente francês Macron pressionaram para um ato sem precedente: a União Europeia iria contrair um empréstimo conjunto a fim de assistir os países mais fracos assegurando uma forte recuperação.
No total, mais de 1,8 biliões de euros para os próximos anos. Ao assumir dívida conjunta, a Alemanha quebrou com décadas de política fiscal conservadora.
A eurodeputada e vice-presidente alemã do parlamento europeu, Katharina Barley, afirma que foi preciso reagir de forma diferente.
"A presidência alemã fez uma enorme diferença no que toca à solidariedade durante a crise da pandemia. A proposta franco-alemã foi recebida com enorme alívio e, diria mesmo, com gratidão por parte de alguns estados-membros, e por muitos eurodeputados. Porque reagir de forma diferente em relação à última crise financeira, isso era muito importante para a Europa na sua totalidade", defende a alta funcionária.
A luta contra a pandemia sobrepôs-se a outros temas quentes como é o caso das migrações ou do clima.
Mesmo assim, o conflito latente quanto ao respeito pelo estado de direito voltou a assumir um lugar central no contexto da luta contra a pandemia.
A União Europeia conseguiu ultrapassar a crise criada pela Hungria e Polónia que haviam ameaçado vetar o pacote de recuperação.
Mesmo assim, há quem diga que a Alemanha e outros demoraram muito tempo para lidar com Budapeste e Varsóvia.
"Eles sobrecarregaram o parlamento europeu e a comissão com inúmeras questões enquanto transmitiam uma imagem de normalidade para as populações dos seus países. Isso não funciona. Se os estados-membros se desfazem das obrigações decorrentes do estado de direito, as instituições unitárias, o parlamento e o conselho, por si só, terão imensas dificuldades em prosseguir essa agenda", afirma o eurodeputado alemão dos Verdes, Reinhard Bütikofer.
À medida que o ano se aproxima do final, o medo recuou dando lugar à esperança.
A distribuição de vacinas já começou e as primeiras inoculações estão previstas para o final do mês.
Agora, cabe a vez a Portugal para liderar a recuperação económica do continente.