Líderes europeus afastam iniciativa de cimeira com Putin

Na cimeira de líderes europeus em Bruxelas ficou claro até que ponto o debate sobre a Rússia pode gerar divisões.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) discutiram as relações com Moscovo até tarde no primeiro dia do encontro, que arrancou esta quinta-feira. Mas a proposta franco-alemã de uma cimeira com o presidente russo Vladimir Putin acabou por ser rejeitada: pelos países Bálticos, pela Polónia ou pela Suécia, por exemplo.
Para alguns ainda é cedo para um encontro ao mais alto nível, pelo que a postura rígida em relação a Moscovo deverá manter-se, se necessário com mais sanções económicas.
A chanceler alemã, Angela Merkel, não escondeu a desilusão por se preterir uma cimeira, nos mesmos moldes do encontro do presidente Joe Biden com Putin.
"Penso que uma União Europeia soberana, como a vejo, também deveria estar em posição de representar os interesses da UE num formato semelhante e defender nossos interesses. Estas conversas mostraram que o Conselho da UE ficou satisfeito com um relatório do presidente dos EUA sobre o diálogo com Vladimir Putin”, sublinhou Merkel.
Mais consensual foi a condenação à nova lei anti-comunidade LGBTQI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero, Queer e Intersexuais) recentemente aprovada pela Hungria.
O debate foi descrito como sincero, até emotivo. Com alguns Estados-membros - como os Países Baixos - a convidarem o primeiro-ministro Viktor Orbán a deixar a UE se não partilhar os valores europeus.
"A maioria de nós foi muito clara em relação ao facto de que a nova lei húngara vai contra os nossos valores. E a cultura de tolerância e aceitação é um alicerce contra a discriminação. Protegeremos todos os nossos cidadãos, onde quer que eles vivam na nossa União e independentemente de quem amem", referiu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
As relações com a Turquia também estiveram em cima da mesa. Os líderes europeus pressionaram Ancara a respeitar os direitos humanos fundamentais. Ao mesmo tempo querem continuar a colaborar com a Turquia, devendo libertar mais financiamento para ajudar o país a travar o fluxo de migrantes e refugiados.