Europa dividida sobre rotulagem "verde" do nuclear e gás por Bruxelas

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Direitos de autor Johanna Geron/AP
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De  Euronews com Lusa
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Classificação proposta pelo executivo comunitária está longe de gerar consenso e ameaça provocar debates intensos no curto prazo

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A primeira batalha europeia de 2022 tem um nome: taxonomia.

A proposta da Comissão Europeia, de classificar como sustentáveis os investimentos em centrais nucleares ou a gás para produzir eletricidade, e de incluí-los na chamada taxonomia "verde", gerou polémica, entre os Estados-membros e não só.

Apesar de Bruxelas falar numa classificação "realista" e "pragmática", mediante condições "claras" e "rigorosas", os ativistas climáticos dizem que o texto provisório - enviado aos 27 no último dia de 2021 pouco antes das 24:00 - dá um sinal errado ao mercado.

Alegam que faz parecer que o nuclear (responsável pela produção de lixo radioativo) é uma solução para as alterações climáticas e que o gás pode ser uma energia de transição.

"O nuclear é mais do que lixo tóxico e o fato de não termos uma solução para armazená-lo [é um problema]", referiu, em entrevista à Euronews, Magda Stoczkiewicz, da Greenpeace.

A taxonomia "verde" - que se traduz num sistema europeu de classificação das atividades económicas sustentáveis que contribuam para a redução de gases com efeito de estufa - pretende, na prática, ajudar os investidores a perceber até que ponto uma atividade económica é ambientalmente aceitável.

Mas gera divisões fortes entre os 27 e promete alimentar debates acalorados no futuro próximo.

França e a Polónia, a favor do nuclear, defendem a proposta apresentada de Bruxelas. Por outro lado, Áustria, Luxemburgo, Alemanha e Espanha opõem-se. Viena ameaça mesmo tomar medidas legais.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática de Portugal, João Pedro Matos Fernandes, disse, em entrevista ao jornal ECO, que o país é contra o nuclear, mas que aceita gás natural na transição para o hidrogénio. Alega que o nuclear "não é seguro e custa muito dinheiro."

Um argumento partilhado por Magda Stoczkiewicz, da Greenpeace: "Está também em causa o custo económico. As instalações são muito caras e a energia nuclear é muito cara. É por isso que ninguém construiria com dinheiro totalmente privado e que os governos apoiam o nuclear. Mas isso vai bloquear o investimento em energias renováveis. Em vez de ser uma energia transição, [o nuclear] será apenas uma forca de bloqueio."

No sábado, a Comissão Europeia anunciou ter iniciado a 31 de dezembro consultas ao grupo de peritos dos Estados-membros e à Plataforma sobre Finanças Sustentáveis sobre um projeto de lei complementar de taxonomia para abranger certas atividades de gás e nucleares.

O grupo de peritos tem até dia 12 para enviar contribuições para Bruxelas.

A proposta da Comissão será analisada pelo Conselho. A mesma proposta pode ainda ser rejeitada pelo Parlamento Europeu.

A União Europeia quer atingir a neutralidade carbónica ate 2050, mas o caminho adivinha-se difícil.

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