A Comissão Europeia quer reforçar as capacidades militares do bloco comunitário
Bruxelas quer que os Estados-membros gastem mais em defesa e de forma eficiente.
Por causa da invasão russa na Ucrânia, os 27 estão a injetar mais dinheiro nos respetivos orçamentos militares. Agora - num gesto sem precedentes - a Comissão Europeia diz que pode coordenar esses gastos em nome de todos a favor de um maior retorno pelos investimentos.
"Temos de fazer compras conjuntas, como fizemos com as vacinas contra a Covid-19 e queremos fazer com o gás. É por isso que estamos a propor uma 'task force' para as compras conjuntas de defesa em que os Estados-membros se podem apoiar para as necessidades de compras de curto prazo. Também propomos incentivos financeiros para que os Estados-membros participem desta [força-tarefa]", sublinhou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
As recomendações de Bruxelas fazem parte de uma comunicação adotada esta quarta-feira. Foi encomendada pelos líderes europeus na cimeira de Versalhes, celebrada em março passado. Na comunicação, a Comissão Europeia e o Alto Representante para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, apresentam uma análise das lacunas do investimento na defesa na União Europeia identificadas e propõem novas medidas e ações necessárias para as compensar.
Os orçamentos de defesa de Moscovo e Pequim, por exemplo, dispararam nos últimos anos. Bruxelas diz que a União Europeia ficou vulnerável, com as capacidades militares muito atrasadas.
Motivo pelo qual quer que a curto-prazo os Estados-membros reabasteçam os stocks de armas, substituam equipamentos da era soviética e reforcem os sistemas de defesa aérea e anti mísseis.
As reservas de drones e veículos blindados também devem ser reforçadas, além do aumento das capacidades de defesa espacial e cibernética.
Os planos são ambiciosos e ousados, até porque os tratados da União Europeia proíbem o financiamento de operações de defesa.
Motivo pelo qual a Comissão Europeia terá de encontrar novas formas de angariar fundos: os chamados "recursos próprios."
"Obviamente, a Comissão Europeia nunca terá dinheiro suficiente para igualar ou preencher a lacuna entre o que os Estados-membros estão a gastar agora e onde deveriam estar nos próximos anos, mas realmente pode ter um efeito facilitador. Pode dar o pontapé de saída inicial para projetos de capacitação que de outra forma não estariam a acontecer", explicou, em entrevista à Euronews, Fabrice Pothier, presidente executivo da consultora política Rasmussen Global.
Bruxelas também quer aumentar a capacidade da indústria de defesa do bloco para fabricar equipamentos militares, especialmente nos setores de aeronáutica e mísseis.
Cabe agora aos Estados-membros aprovar as propostas.