Ato de Apoio à Produção de Munições vai fomentar indústria de defesa

Este é mais um pilar do esforço da UE para encaminhar mais munições e mísseis para a Ucrânia
Este é mais um pilar do esforço da UE para encaminhar mais munições e mísseis para a Ucrânia Direitos de autor Matt Rourke/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
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De  Efi KoutsokostaIsabel Marques da Silva com AP
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Os países da União Europeia, há décadas na "sombra" da proteção militar dos Estados Unidos através da NATO, têm investido muito pouco na produção de munições.

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O Ato de Apoio à Produção de Munições visa aumentar a produção, em larga escala, na União Europeia (UE) para ajudar a Ucrânia, repor as reservas dos Estados-membros e melhorar a reputação geopolítica do bloco.

Apresentada, quarta-feira, pela Comissão Europeia, a legislação vai ajudar a indústria de armamento com verbas para contratar mais pessoas e adquirir tecnologia.

O comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton,  disse que é preciso passar das palavras aos atos para aumentar a capacidade de defesa na Europa.

"O que se passa é que em termos de calendário, a capacidade não está alinhada com as necessidades imediatas. O meu objetivo é ver como podemos ajudar a indústria a mudar o paradigma. Há quem questione se a indústria de defesa europeia está a passar para uma economia de guerra. Ainda não chegámos lá", disse Breton.

Este é mais um pilar do esforço da UE para encaminhar mais munições e mísseis para a Ucrânia, inlcuindo um milhão de obuses de 155 milímetros, muito requisitadas pelo presidente Zelenskyy para fazer face ao poder de fogo russo.

A Ucrânia pretende lançar uma contra-ofensiva, ainda na primavera, para recuperar o território ocupado pela Rússia, mas tem consumido munições a um ritmo intenso, de acordo com os analistas. 

"É um começo, mas é pouco provável que seja suficiente. As quantidades de munições que estão a ser consumidas nesta guerra são enormes. A Ucrânia dispara mais munições de artilharia num par de semanas do que os exércitos britânico e francês têm em todo o seu stock", explicou, à euronews, Garvan Walshe, especialista em defesa no Centro de Política Europeia.

"Por isso, não se trata apenas de manter a Ucrânia na luta. Trata-se, também, de reabastecer as nossas reservas e de nos dar a capacidade de voltar a travar uma guerra de alta intensidade. Precisamos de aumentar a nossa capacidade e as nossas reservas para além do que eram há dois anos", acrescentou o perito.

Compras também a países fora da UE

Vão ser usados 500 milhões de euros num modelo de co-financiamento. Pelo menos 40% das verbas para os projetos terão de ser pagas pelas empresas privadas e/ou orçamentos dos Estados-membros.

Mas poderão ser adquiridas armas a países fora do bloco, o que é sensato, sefundo Garvan Walshe: "Penso que temos de nos ver como parte da aliança ocidental. E isso inclui não só os Estados Unidos, o Reino Unido ou o Canadá, mas também a Coreia do Sul e o Japão". 

"A Coreia do Sul, por exemplo, começou a construir tanques para a Polónia, em parte porque se trata de uma escala de fabrico que as empresas europeias não têm, atualmente. Mas, também, é um mercado para nós. No fim de contas, são todos países democráticos avançados com políticas externas geralmente alinhadas. Por isso, é seguro manter relações com Seul ou Tóquio no sector da defesa, tanto quanto com os Estados Unidos", explicou.

O projeto de fomento da indústria de defesa deverá estar concluído em junho de 2025 e beneficiará, sobretudo, 11 Estados-membros que têm mjaior capacidade para produzir munições.

Para além dos compromissos assumidos, esta quarta-feira, a UE já financiou o fornecimento de munições ao governo de Kiev a partir dos stocks dos Estados-membros, num montante de mil milhões de euros, e comprometeu-se a reforçar as aquisições conjuntas.

Há muito que a UE é criticada por não conseguir fazer acompanhar o seu peso económico de equipamento militar suficiente. A falta de existências militares e a capacidade de produção limitada e lenta prejudicaram a sua posição internacional.

"Trata-se de uma parte essencial da capacidade estratégica da Europa para defender os seus interesses e valores e ajudar a manter a paz no nosso continente", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse, na semana passada, que os 31 aliados da NATO, que incluem a maior parte dos países da UE, estão empenhados em reforçar as forças armadas ucranianas.

Os EUA vão enviar cerca de 300 milhões de dólares em ajuda militar adicional, incluindo cartuchos de artilharia, obuses, mísseis ar-terra e munições.

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