Norte-americana desiste do cargo de Economista-chefe da Concorrência europeia devido à nacionalidade e antigas ligações a grandes empresas
A norte-americana Fiona Scott Morton desistiu do lugar de Economista-chefe da Concorrência na União Europeia devido à polémica grada sobre a sua nacionalidade e a ligação a grandes empresas.
Depois de ter visto a Comissão Europeia defende-la na sexta-feira como a escolhida de entre uma dezenas de candidatos, Scott Morton apresentou a renúncia na quarta-feira numa carta enviada à Comissária Europeia Margrethe Vestager, que a revelou pelas redes sociais.
"Dada a controvérsia política causada pela escolha de um não-europeu para ocupar este cargo e a importância para a Direção-Geral da Concorrência de ter o apoio total da União Europeia para regular, decidi que o melhor caminho seria desistir", explicou Scott Morton.
"A professora Fiona Scott Morton informou-me da sua decisão de não aceitar o cargo de Economista-chefe da Concorrência. Aceito-o com pesar", declarou Vestager, pelo Twitter, acrescentando ter esperança que a economista "continue a usar as extraordinárias competências para promover uma forte aplicação das regras da concorrência."
A nomeação da antiga integrante da administração Obama e ex-consultora da Amazon, Apple e Microsoft destinava-se a um lugar de regulação dos gigantes da tecnologia, o que provocou grande polémica em Bruxelas, nomeadamente pelos líderes dos quatro maiores grupos políticos do Parlamento Europeu, com alegações de conflito de interesses e um eventual risco de Washington interferir nas decisões europeias.
Macron junta-se aos críticos
O Presidente de França juntou-se aos críticos na terça-feira, manifestando dúvidas sobre a escolha da Comissão depois de já alguns ministros do executivo gaulês o terem feito a meio da semana passada.
Emmanuel Macron é um opositor declarado à alegada influência descontrolada das grandes empresas tecnológicas americanas no mercado europeu.
Perante as várias críticas, Scott Morton entendeu que não iria ter o necessário apoio unânime dentro da União Europeia para trabalhar e optou por desistir de um cargo que deveria começar a desempenhar a 1 de setembro.
A Comissão Europeia vai ter agora de partir para uma segunda escolha para liderar a Direção-geral da Concorrência dos "27".