Putin perdeu a guerra, diz embaixador dos EUA para UE

O Presidente russo Vladimir Putin planeia encontrar-se com o líder norte-coreano Kim Jong-un para discutir o fornecimento de armas.
O Presidente russo Vladimir Putin planeia encontrar-se com o líder norte-coreano Kim Jong-un para discutir o fornecimento de armas. Direitos de autor Mikhail Klimentyev/Sputnik
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De  Méabh Mc Mahon
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Artigo publicado originalmente em inglês

As notícias de que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, planeia visitar a Rússia, este mês, para discutir o fornecimento de armas com o Presidente Vladimir Putin estão a causar preocupação entre os aliados ocidentais.

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O embaixador dos EUA para a União Europeia, Mark Gitenstein, considera que a reunião que deverá decorrerna cidade russa de Vladivostok (ainda não oficalmente confirmada), é um claro sinal de que as sanções ocidentais estão a esgotar com sucesso as capacidades militares do Kremlin.

Desde que lançou a invasão em grande escala da Ucrânia, o presidente Vladimir Putin está cada vez mais isoladona cena mundial, restando-lhe um punhado de países para obter este tipo de apoio, tais como a Coreia do Norte, a Bielorrússia, a Síria e a Nicarágua.

Putin tenciona pedir a Kim mais projéteis de artilharia e mísseis para a guerra contra a Ucrânia, enquanto Kim está interessado em assegurar tecnologia avançada e provisões alimentares, noticiou o jornal "The New York Times".

"O facto de Putin ir à Coreia do Norte pedir armas é uma indicação de que a nossa estratégia está a funcionar", disse Gitenstein, terça-feira, em entrevista à euronews, em Bruxelas.

"Os nossos controlos de exportação e sanções fizeram com que as suas forças armadas recuassem até ao século XIX, pelo que Putin vai a outro país - onde nunca iria - para obter equipamento militar", acrescentou.

O embaixador também abordou os recentes relatos da imprensa que sugerem que há frustração com os erros tácticos cometidos por Kiev na sua contraofensiva contra as forças russas. Gitenstein minimizou a especulação e disse que a vitória está ao alcance, desde que o apoio financeiro e militar do Ocidente continue.

"Há muitas pessoas que estão muito satisfeitas com a forma como as coisas estão a correr e compreendem como é difícil quebrar um regime defensivo como este, quando se tem um governo fascista a dirigir um exército que faz qualquer coisa. É difícil quebrar essa frente", disse Gitenstein.

"Estou muito confiante que os ucranianos vão ganhar. Já sei que Putin perdeu. Pode demorar mais tempo do que pensámos, mas vai demorar o tempo que for preciso", acrescentou.

Apoio dos EUA inabalável

O embaixador garantiu ainda que a aprovação pública da ajuda à Ucrânia continua a ser elevada nos Estados Unidos, independentemente das afinidades políticas.

"Quando vemos os russos a bombardear maternidades ou edifícios de apartamentos, o nosso instinto moral natural é dizer que temos de fazer alguma coisa", afirmou.

"Até os senadores republicanos com quem falo dizem a mesma coisa: estaremos convosco enquanto precisarem de nós."

Gitenstein elogiou a iniciativa da UE de abrir as chamadas "rotas de solidariedade", que permitem aos agricultores ucranianos exportar os seus cereais, isentos de direitos aduaneiros. 

O mais importante é não acreditar nas mentiras de Putin. Ele está a bombardear os silos (de cereais). Foi ele que começou esta guerra. Ele é que está a causar a crise alimentar em todo o mundo.
Mark Gitenstein
Embaixador dos EUA para a União Europeia

As "rotas de solidariedade" tornaram-se ainda mais importantes para a economia de Kiev após a decisão unilateral de Vladimir Putin de abandonar a Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, iniciativa apoiada pela ONU, o que perturbou as cadeias de abastecimento mundiais.

"O mais importante é não acreditar nas mentiras de Putin. Ele está a bombardear os silos (de cereais)", disse o embaixador. "Foi ele que começou esta guerra. Ele é que está a causar a crise alimentar em todo o mundo. As pessoas estão a morrer à fome por causa das suas decisões".

UE e EUA alinhados na estratégia industrial

Na sua entrevista à euronews, Gitenstein abordou um dos pontos mais sensíveis das relações entre a UE e os EUA: a Lei de Redução da Inflação (IRA).

Liderada pelo presidente norte-americano Joe Biden, a lei atribui 369 mil milhões de dólares (344,5 mil milhões de euros) em créditos fiscais, descontos e subsídios para apoiar a produção de tecnologia para a transição ecológica, tal como painéis solares, turbinas eólicas e bombas de calor, mas apenas se esses produtos forem fabricados em solo norte-americano.

A disposição relativa ao fabrico norte-americano foi recebida com fúria em Bruxelas, com os responsáveis políticos a argumentam que poderia desencadear um êxodo industrial através do Oceano Atlântico e minar a competitividade das empresas europeias.

No entanto, Gitenstein acredita que as conversações em curso entre Bruxelas e Washington conseguirão resolver as questões e estabelecer uma nova consciência de que os subsídios são necessários para tornar possível a transição ecológica.

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"O que é fascinante no diálogo em que estive envolvido nos últimos seis meses é o facto de tanto a UE como os EUA concordarem que o objetivo de lidar com as alterações climáticas exige uma mudança tremenda na nossa estratégia industrial", afirmou.

Outra questão delicada em que Bruxelas e Washington estão atualmente a trabalhar é a antiga disputa comercial sobre as tarifas de alumínio e aço, iniciada pelo ex-presidente Donald Trump. As duas partes estabeleceram o dia 31 de outubro como prazo para chegar a uma solução duradoura e definitiva para a controvérsia.

"Estou confiante de que, nos próximos meses, teremos uma cimeira e que o Presidente Biden e os Presidentes (Charles) Michel e (Ursula) von der Leyen estarão presentes. Até lá, teremos chegado a um acordo em substância, pelo menos sobre o alumínio e o aço", garantiu.

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