Israel não está a violar o direito humanitário na contraofensiva contra o Hamas, garantiu Haim Regev, embaixador de Israel junto da UE, em entrevista à euronews. O diplomata reagiu às palavras do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell.
"Vamos utilizar todos os meios para eliminar o Hamas e salvar o nosso povo. Não se pode lutar contra os terroristas com as mãos atadas atrás das costas", afirmou o embaixador de Israel junto da UE e da NATO, Haim Regev, que rejeitou as críticas, terça-feira, feitas por Josep Borrell, de que a intenção de cortar o acesso a água, alimentos e energia à Faixa de Gaza é uma violação da lei internacional e que coloca pressão na sociedade civil que já vive em emergência humanitária.
"Vamos ser muito duros, vamos ser muito agressivos. Faremos tudo o que for preciso para libertar os reféns e eliminar o Hamas. Faremos o nosso melhor para não ferir inocentes. Faremos tudo isso. Somos um país democrático. Estamos vinculados ao direito internacional", acrescentou o diplomata.
O grupo militante Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, matou mais de mil israelitas e fez mais de cem reféns durante um ataque surpresa no fim de semana. O Hamas é considerado uma organização terrorista pela União Europeia e pelos EUA, entre outros membros da comunidade internacional.
Regev afirmou que o objetivo de Israel é eliminar o Hamas: "O povo palestiniano não é nosso inimigo e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar ferir pessoas inocentes", disse Regev.
"Mas este é um ambiente muito complicado. O Hamas está a usar pessoas inocentes como escudo humano, e isso é algo que teremos em consideração. A nossa guerra não é contra o povo palestiniano, é contra o Hamas", acrescentou.
Necessidade de uma resposta "dura" da UE
O diplomata é a favor de uma revisão dos fundos que a UE concede para apoiar os palestinianos ao nível de cooperação para o desenvolvimento (saúde, educação, função pública, etc), anunciado pela Comissão Europeia depois de um escânadalo de comunicação em que um dos comissários defendeu a suspensão imediata de toda a ajuda.
Regev afirmou que é necessária uma revisão exaustiva para garantir que os fundos não caem inadvertidamente nas mãos do Hamas.
"Nesta fase, a melhor coisa a fazer é rever - como a UE decidiu fazer - toda a assistência. Neste momento, não sabemos para onde vai a assistência", afirmou Regev.
"Instamos os Estados-membros e as instituições da UE a prosseguirem com esta revisão e a verificarem exatamente para onde vai esta assistência", acrescentou.
O chefe da diplomacia da UE afirmou que a "esmagadora maioria" dos países da UE apoia a continuação do envio de ajuda humanitária e de desenvolvimento para os territórios palestinianos, que incluem a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, e a Cisjordânia, governada pelo Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.
A Áustria é o único Estado-membro que suspendeu a sua ajuda à Palestina.
Por outro lado, Regev considera que a UE pode desempenhar um papel importante na "pressão" sobre o Hamas e garantir a libertação dos reféns israelitas detidos em Gaza: "Neste momento, o Hamas precisa de ser pressionado e, mais do que isso, todos os atores internacionais e regionais precisam de ver uma resposta dura da UE".
Dois "vetores" no Médio Oriente
O embaixador considera que os outros Estados árabes do Médio Oriente também têm um papel fundamental a desempenhar para mostrar que não toleram o terrorismo.
"Existem dois vetores no Médio Oriente. Um é moderado: Egipto, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e, esperemos, os sauditas. O outro é patrocinado pelo Irão", afirmou.
"O Irão apoia o Hamas. O Irão apoia o Hamas financeira e politicamente", explicou.
O nível de planeamento necessário para lançar o ataque em grande escala durante o fim de semana levou muitos a questionar se o Hamas poderia tê-lo feito sozinho.
A milícia armada xiita Hezbollah, apoiada pelo Irão, e considerada aliada paramilitar do Hamas, tem trocado ataques com Israel desde o início do conflito, o que faz temer uma escalada.
Referindo-se à afirmação do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de que a contraofensiva de Israel irá "mudar o Médio Oriente", Regev confirmou que tal significava travar a influência de Teerão.
"Mudar o Médio Oriente é apoiar as forças moderadas e travar o Irão, eliminar o Hamas e todas essas organizações", afirmou.
"O Hamas cometeu um grande erro. O Hamas cometeu um erro crasso, calculou mal a força de Israel e penso que este é o fim desta organização. Depois de eliminarmos o Hamas, penso que não voltaremos a assistir a este ciclo de violência em Gaza", concluiu.