Autoridades fizeram buscas no gabinete de Maximilian Krah, o eurodeputado de extrema-direita cujo assistente é suspeito de espiar para a China.
PUBLICIDADEAs autoridades estão esta terça-feira a fazer buscas no gabinete do eurodeputado alemão de extrema-direita Maximilian Krah, informou a procuradoria alemã, na sequência da detenção de um dos assessores do político do partido Alternativa para a Alemanha, acusado de espionagem a favor da China.
Jian Guo, um cidadão alemão que colaborava com Krah desde a sua eleição para o Parlamento Europeu, em 2019, foi acusado de trabalhar para os serviços de informação chineses e de passar repetidamente informação a Pequim sobre negociações e decisões do Parlamento Europeu em janeiro.
Em comunicado, a procuradoria alemã informou que o Parlamento Europeu consentiu as buscas nas instalações.
Maximilian Krah é um membro proeminente da Alternativa para a Alemanha (AfD) que, desde 2019, tem assento no hemiciclo com o grupo de extrema-direita Identidade e Democracia (ID).
Depois de as acusações contra o seu assistente se terem tornado públicas, Krah declarou que teve conhecimento da detenção “através da imprensa” e que não tinha qualquer “informação adicional” para partilhar.
Mais tarde, o seu gabinete confirmou que Guo tinha sido demitido do seu cargo.
A Euronews contactou o gabinete de Krah para comentar os últimos desenvolvimentos.
Um porta-voz do Parlamento Europeu afirmou que a instituição “coopera plenamente com as autoridades policiais e judiciais para ajudar o curso da justiça” e, por conseguinte, permitiu o acesso ao gabinete do deputado.
A notícia coincide com a visita do presidente chinês Xi Jinping a três países europeus: França, Hungria e Sérvia.
Apesar da polémica, Krah recusou-se a recuar como principal candidato do AfD para as eleições de junho, onde irá disputar um novo mandato.
“Se pensam que este é o meu fim como candidato principal, tenho de vos desiludir”, disse aos jornalistas no final de abril. “Sou e continuo a ser o principal candidato; o que está em causa agora é recentrar a campanha eleitoral nas questões europeias e afastarmo-nos deste assunto muito desagradável".
Os partidos pró-europeus aproveitaram as alegações, ambas relacionadas com a influência chinesa e russa, para atacar a extrema-direita como uma ameaça à democracia e aos valores europeus. Nas últimas semanas, a AfD perdeu apoio nas sondagens de opinião alemãs.
A extrema-direita, no entanto, não é a única força que tem sido assediada por acusações de intrusão estrangeira. No final de 2022, três deputados do Partido Socialista e Democrata (S&D) foram acusados de participar num esquema de troca de favores alegadamente pagos pelo Qatar e por Marrocos para influenciar a tomada de decisões no Parlamento Europeu.
O chamado Qatargate desencadeou um frenesim mediático e obrigou a instituição a elaborar um código de conduta atualizado e mais rigoroso para conter a crise de relações públicas.