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Campanha presidencial na Tunísia arranca com protestos e detenções

Tunisinos participam num protesto contra o Presidente Kais Saied, 13 de setembro de 2024
Tunisinos participam num protesto contra o Presidente Kais Saied, 13 de setembro de 2024 Direitos de autor Anis Mili/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Anis Mili/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
De  Euronews com AP
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Artigo publicado originalmente em inglês

Os protestos intensificaram-se este fim de semana, depois da detenção de dezenas de membros do maior partido da oposição.

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A campanha presidencial arrancou na Tunísia num contexto de protestos contra os governantes do país e de detenções de vários políticos da oposição.

Os manifestantes organizaram uma grande manifestação na capital, Tunes, para protestar contra o que dizem ser a deterioração do estado do país.

Samia Abbou, uma antiga deputada tunisina que participou na manifestação, criticou o presidente, Kais Saied, que diz ter falhado em muitas frentes.

"É possível que Kais Saied continue a governar o país? Depois do que vimos ao nível da gestão da administração, da autoridade e do poder judicial, ao nível da segurança e do controlo dos preços, para além das relações externas e também ao nível da imigração irregular, a todos os níveis", disse.

Saied, que está a tentar um segundo mandato nas eleições de 6 de outubro, é uma figura impopular na Tunísia.

Tunisinos participam num protesto contra o presidente Kais Saied.
Tunisinos participam num protesto contra o presidente Kais Saied. Anis Mili/Copyright 2024 The AP. All rights reserved

Quando foi eleito pela primeira vez, em 2019, Saied fez promessas anticorrupção para conquistar os eleitores desiludidos com as polémicas que atormentaram a jovem democracia da Tunísia, nos anos que se seguiram à primavera Árabe.

Mas desde que assumiu o cargo, o antigo professor de Direito, de 66 anos, tem-se esforçado por consolidar o seu próprio poder, congelando o parlamento do país, governando por decreto e reescrevendo a Constituição.

Ao longo do mandato, as autoridades prenderam jornalistas, ativistas, figuras da sociedade civil e opositores políticos de todo o espetro ideológico.

"O presidente está a prender advogados, ativistas políticos e bloggers, para além de transferir juízes de forma arbitrária. Saímos hoje à rua para dizer não aos ataques aos direitos e liberdades", disse o manifestante Sghaier Zakraoui.

Os protestos encerraram uma semana em que o maior partido da oposição do país, o Ennahda, disse que os membros mais importantes tinham sido detidos numa escala nunca antes vista.

O partido islamista, que subiu ao poder no rescaldo da primavera Árabe, afirmou, num comunicado de sexta-feira, que pelo menos 80 homens e mulheres do partido tinham sido detidos no âmbito de uma operação de busca a nível nacional.

Há semanas que ativistas da democracia e dos direitos humanos têm vindo a apelar à União Europeia para que exerça mais pressão sobre o Governo, pois receiam que as eleições não sejam livres e justas.

A Tunísia e a União Europeia

Bruxelas está a assistir ao desenrolar dos acontecimentos com preocupação.

Na sexta-feira, o jornal britânico The Guardian disse ter tido acesso uma versão preliminar de um relatório do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), que manifestava preocupação com "uma clara deterioração do clima político e uma diminuição do espaço cívico" na Tunísia.

"A UE continua a ter um grande interesse em preservar a parceria com a Tunísia, a fim de garantir a estabilidade do país", diz o relatório, reconhecendo os receios de que, sem o apoio do bloco, a Tunísia possa ser atraída para a órbita de países como a Rússia, o Irão e a China, o que teria impacto no Acordo de Migração entre a UE e a Tunísia.

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O acordo, assinado em 2023, foi concebido para abrandar o número de migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo de barco. Em troca, a Tunísia recebe centenas de milhões de euros de ajuda financeira.

O acordo foi polémico, com alguns eurodeputados a acusar a Comissão Europeia de "financiar ditadores".

Do ponto de vista interno, quem vencer a votação de outubro vai ter muito trabalho pela frente.

A taxa de desemprego na Tunísia tem vindo a aumentar de forma constante, sendo uma das mais elevadas da região, nos 16%, com os jovens tunisinos a serem particularmente afetados.

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Além disso, a economia continua a enfrentar grandes desafios. O Instituto Nacional de Estatística disse em março que o crescimento económico estava estagnado, com apenas 0,4%.

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