Arseni Yatsenyuk: Oposição ucraniana quer a "integração na União Europeia, valores europeus e um novo país".

Arseni Yatsenyuk: Oposição ucraniana quer a "integração na União Europeia, valores europeus e um novo país".
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A Revolução Laranja tem sido bastante lembrada nos últimos dias. Essa revolução da Ucrânia, no inverno de 2004, que provocou a queda do clã Yanukovich e a vitória, depois de uma terceira volta nas presidenciais, de um dos líderes da revolução, Viktor Yutchenko. Tal como em 2004, a multidão encheu as ruas de Kiev, principalmente os jovens. Mas agora, reúnem-se por uma ideia e não por um líder. Daí a dificuldade para os três representantes da oposição em estruturarem um movimento e em o transformarem num ato político. Ao contrário de Yutchenko et Timochenko, em 2004, eles representam a oposição mas não têm nada em comum.

Na realidade, que semelhanças podem ter um ex-ministro e presidente do Parlamento, membro da segunda força política do país, um líder ultra nacionalista e um ex-pugilista que entrou na política para apoiar a Revolução Laranja?

Os três homens saíram de universos políticos diferentes e têm um objetivo comum.

Vitaly Klitschko: “Queremos fazer qualquer coisa, e apelamos a todos para pressionarem as autoridades a tomarem medidas e para fazer cair o governo”. Mas o percurso está a ser difícil e parece impossível conseguir eleições antecipadas.
A melhor oportunidade foi perdida quando, na terça-feira, a moção de censura não passou: obteve 186 votos e precisava de 226. Nem todos os deputados responderam aos apelos dos manifestantes.

O problema pode até ser destes três ucranianos, sem carisma nem coesão ideológica para liderar uma oposição convincente.
O antigo campeão de boxe, Vitaly Klitchko, líder do Oudar, tem uma boa reputação e emerge como principal líder, mas tem uma experiência política muito limitada, assim como Oleg Tyahnybok, dirigente do partido Svoboda, conhecido por tomadas de posição racistas e antisemitas.
O terceiro, Arseni Yatsenyuk, chegou a ser a segunda figura do Estado, próximo de Timochenko, mas sem grande carisma.
O repórter da euronews em Kyev , Sergio Cantone falou com ele.

Sergio Cantone: A oposição neste país está tradicionalmente dividida. Estão a conversar no sentido de encontrarem uma plataforma comum e mesmo um futuro candidato comum?

Arseni Yatsenyuk.“Trabalhamos concertadamente enquanto oposição apesar de termos diferentes fações, diferentes partidos e por vezes programas diferentes. Mas a questâo principal para nós é a mesma: a integração na União Europeia , os valores europeus e um novo país”.

S.C: O canal em direção à União Europeia continua aberto e para vocês é muito importante. Pensa que este governo realmente acredita que é possível fazer algo com a União Europeia?

A.Y: “É um bluff. E foi um bluff desde o princípio. Não há qualquer incentivo nem qualquer razão para que este presidente assine um acordo de associação com a União Europeia. O único objetivo do presidente Yanukovich é um segundo mandato como presidente. Para alcançar este objetivo precisa desesperadamente de dinheiro, porque o país está numa situação financeira desesperante e a única maneira de conseguir esse dinheiro do Ocidente é através do FMI. Mas o FMI disse muito claramente que quer reformas no país, o fim da corrupção, o equilibrio orçamental e aumento dos impostos e isto terá repercussões negativas para o presidente. É assim que as coisas funcionam neste país. Isto significa que ele precisa de uma outra fonte de financiamento, e a única fonte é a Rússia”.

S.C: Acha que há possibilidade de eleições antecipadas?

A.Y: “Esse é o objetivo principal da oposição, a realização de eleições presidenciais e legislativas antecipadas, mas somos muito realistas, não é uma tarefa fácil derrubar este presidente. O presidente Yanukovich nunca se vai demitir, mas se o povo ucraniano fizer o que tem vindo a fazer durante um longo período de tempo, está a lutar pelos seus direitos civis e liberdade. Centenas de milhar de ucranianos estão a realizar manifestações pacíficas contra este governo, este presidente e pela integração na União Europeia e podemos alcançar o nosso objetivo”.

S.C: Quem deu a ordem para a polícia carregar sobre os jornalistas, em Maidan, no sábado?

A.Y: “Alguém deu essa ordem, alguém do departamento da administração interna e da segurança. Alguém do conselho da segurança nacional”.

S.C: A ordem veio de cima, diretamente do presidente?

A.Y: “Acredito que veio dos seus colaboradores mais próximos como o conselheiro Kluyev e outros responsáveis pelo controlo e pelo endurecimento da lei. São esses os responsáveis pelo que aconteceu”.

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