Afeganistão: Ministro do Interior quer mais mulheres nas forças de segurança

Afeganistão: Ministro do Interior quer mais mulheres nas forças de segurança
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O Afeganistão votou na primeira volta das presidenciais sob a ameaça de ataques dos talibãs e a segurança dos 12 milhões de eleitores afegãos, que regressam às urnas este sábado para escolher entre Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani, continua a ser a grande preocupação das autoridades de Cabul.

Segurança, relações com os Estados Unidos e o reforço do contingente feminino nas forças policiais são temas da entrevista da euronews, em Lyon, ao ministro do Interior do Afeganistão, Mohammad Omar Daudzai (MOD).

euronews (en): A primeira volta das presidenciais no Afeganistão foi um sucesso em termos de segurança. Espera que aconteça a mesma coisa no sábado? Foram tomadas medidas adicionais para que tudo corra bem?

MOD: “Graças a Deus, a primeira volta das eleições foi uma grande vitória para o povo afegão e, particularmente, para as forças de segurança afegãs, que heroicamente garantiram a segurança nas eleições. Também foi uma vitória para a comunidade internacional. Esta eleição prova que os esforços realizados nos últimos 12 anos não foram em vão. Agora, espero que a experiência da primeira volta nos ajude a realizar uma segunda volta numa boa atmosfera e em segurança”.

en: Falou-se em abrir novas assembleias de voto para que alguns dos problemas da primeira volta não se repitam. Isso vai acontecer?

MOD: “Segundo a Comissão Eleitoral, o número de assembleias de voto será o mesmo, mas foram colocadas mais urnas à disposição dos eleitores. O dispositivo de segurança não será muito diferente do último, apenas terá mais polícias a gerir o fluxo de entrada nas assembleias para que a votação decorra em segurança”.

en: A propósito da polícia. Está particularmente interessado no treino das forças de segurança. Como é que está tudo a correr?

MOD: “Para assegurar as suas funções essenciais, como o combate ao crime ou a aplicação da Lei, a polícia necessita de formação. Este treino está a ser realizado tanto no Afeganistão como no estrangeiro. No nosso país temos uma Academia de Polícia, centros de formação nas províncias e pessoal académico. Em Cabul, existe o centro de formação para responsáveis pela segurança e, muito em breve, na província de Bamian, será inaugurada a primeira Academia de Polícia para mulheres, um projeto apoiado pela Europol”.

en: Sobre a questão de recrutar milhares de mulheres para a polícia, que ajudem a garantir a segurança nas eleições. Há uma vontade generalizada de reforçar a presença feminina ou é só o ministro do Interior que o quer fazer?

MOD: “Uma das minhas três prioridades nos últimos 8 meses, desde que assumi o cargo, foi aumentar o número de mulheres no ministério em diferentes níveis. Por exemplo, pela primeira vez, o comandante da polícia do distrito n.º1 de Cabul é uma mulher. O vice-comandante da segurança do aeroporto de Cabul também é uma mulher. Na mesma linha, tenho planos para aumentar o contingente feminino no ministério”.

en: Passemos à fronteira leste do Afeganistão, onde continuam os ataques com origem no Paquistão, em particular contra a província afegã de Konar. As autoridades reagiram com vigor, verbalmente. Qual é o ponto da situação?

MOD: “Uma das razões para estes ataques pode estar nas negociações trilaterais entre o Afeganistão, o Paquistão e a NATO, que devem terminar este ano. Os paquistaneses querem passar para um processo bilateral. É possível que os ataques sejam uma forma de pressionar o Afeganistão para que o Paquistão tenha mais poder na mesa das negociações, o que não está correto. Nós não queremos qualquer tipo de tensão. Queremos viver em paz, queremos a reconciliação com os nossos vizinhos e esperamos que eles nos tratem com a mesma boa vontade que temos”.

en: Por que razão é que o Afeganistão adiou a assinatura do pacto de segurança com os Estados Unidos?

MOD: “Porque os Estados Unidos não estão a colocar pressão suficiente sobre o Paquistão para que traga os talibãs para a mesa das negociações. Foi por esta razão que o presidente Karzai disse que deixava a assinatura do pacto para o seu sucessor. Entretanto, chegou o período eleitoral e os dois candidatos garantiram que, se forem eleitos para a presidência, irão assinar o pacto na primeira semana do mandato e estou seguro que os Estados Unidos, o Ocidente e os europeus já não estão preocupados com esta questão”.

en: Documentos da Wikileaks revelaram que todas as conversas telefónicas no Afeganistão têm sido alvo de escutas por parte dos Estados Unidos. O governo afegão reagiu negativamente à notícia. Já receberam uma resposta das autoridades norte-americanas?

MOD: “Seguramente que os americanos vão dizer o que têm a dizer e vão clarificar a situação. Mas, o povo afegão ficou desapontado por saber que as suas conversas telefónicas foram monitorizadas. É algo que viola a Constituição”.

en: Três quartos de todo o ópio no mundo têm origem no Afeganistão, o que é uma fonte de preocupação para a comunidade internacional. O que é que tem sido feito para lutar contra este comércio ilegal que, a certa altura, se tornou num comércio global. Há alguma esperança na guerra contra o ópio?

MOD: “O cultivo de papoilas de ópio é uma grande praga para o povo afegão. O terrorismo e o ópio andam de mãos dadas. Os lucros enriquecessem os talibãs e o terrorismo fica mais rico. Acreditamos que quando a paz chegar ao Afeganistão, este problema será resolvido assim que vingue uma paz duradoura a nível nacional”.

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