Síria: Batalha por Tell Abyad lança a confusão na fronteira turca de Akçakale

Síria: Batalha por Tell Abyad lança a confusão na fronteira turca de Akçakale
De  Francisco Marques com AFP, Reuters
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As milícias YPG, do Curdistão sírio, anunciaram ter cercado por completo Tell Abyad, a cidade fronteiriça no norte da síria controlada, às portas da

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As milícias YPG, do Curdistão sírio, anunciaram ter cercado por completo Tell Abyad, a cidade fronteiriça no norte da síria controlada, às portas da Turquia, pelo grupo Estado Islâmico. Este é aliás o acesso ao território turco mais próximo de Raqqa, a capital oficiosa do proclamado califado do ISIL, sigla inglesa pela qual também é conhecido o grupo “jihadista”, e por isso um importante ponto estratégico da contraofensiva aos radicais islâmicos.


Um fotógrafo da AFP garante ter testemunhado domingo à noite a tomada, pelos combatentes curdos, do posto fronteiriço de Tell Abyad, que estava sob controlo do ISIL. Já esta segunda-feira o YPG também terá conseguido cortar uma autoestrada vital para os “jihadistas” — a ligação entre Tell Abyad e Raqqa.

A importância da “porta” entre Akçakale e Tell Abyad terá sido inclusive uma das entradas preferencias na Síria dos elementos recrutados pelo ISIL noutros pontos do globo, incluindo Portugal. Raqqa está a apenas 100 quilómetros a sul da raia.

Três mil pessoas “escoadas” a conta-gotas


Ao mesmo tempo que aumenta a pressão das milícias curdas sírias sobre o ISIL em Tell Abyad, milhares de pessoas continuam a tentar cruzar aquele posto fronteiriço para a cidade turca de Akçakale. Os habitantes da cidade síria procuram fugir da iminente guerra entre os “jihadistas” e os guerrilheiros YPG, que são apoiados pela aliança liderada pelos Estados Unidos.
Até domingo à tarde, a fronteira esteve fechado do lado de Akçakale por alegados motivos de segurança. Perante o iminente estado de guerra, Ancara recuou e decidiu abrir a fronteira, mas não totalmente.

Os cerca de três mil sírios que tentam fugir de Tell Abyad estão obrigados a cruzar a fronteira a conta-gotas. É uma medida de precaução da Turquia, receosa não só da passagem dissimulada de eventuais “jihadistas” mas também da proximidade dos guerrilheiros do YPG.

O YPG, ou Unidades de Proteção Popular, é uma força armada inicialmente criada para defender as regiões curdas durante a guerra civil na Síria, opositora do regime do Presidente Bashar Al-Assad e afiliada ao PKK, o grupo curdo sediado na Turquia e que é considerado, inclusive pela NATO, como uma organização terrorista. O receio da Turquia parte desta associação entre o YPG e o PKK.

No sábado, o governador de Sanliurfa acusou o YPG de querer mudar a demografia dominante de árabes e turcomanos para curdos e assim estabelecer um estado curdo. O próprio Presidente Recep Tayyp Erdogan acusou a aliança liderada pelos Estados Unidos de estar a ajudar os curdos neste propósito sob a poeira do combate contra o ISIL.


Depois, há ainda a questão humanitária. A Turquia é um dos destinos preferenciais dos sírios que fogem da guerra. A fronteira turco síria estende-se por cerca de 900 quilómetros, inclui pelo menos 13 postos fronteiriços, alguns deles estão sob controlo do ISIL. Era o caso, por exemplo, do de Tell Abyad.

Fontes oficiais adiantaram à agência turca Anadolu que desde o início das operações do YPG no norte da Síria, cerca de 15 mil civis oriundos de várias cidades e aldeias no norte da Síria tenham conseguido entrar na Turquia pela província fronteiriça de Sanliurfa, que inclui Akçakale.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) adianta que, só nos últimos seis anos, o número de refugiados sírios na Turquia subiu dos 20 mil para quase 2 milhões. Ancara já solicitou ajuda ao Conselho Europeu na gestão dos refugiados.

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