Dezenas de universitários detidos durante manifestação contra aumento do custo da educação
Trinta estudantes foram detidos esta quarta-feira diante da sede do parlamento da África do Sul, na Cidade do Cabo, durante uma manifestação contra um novo aumento das taxas de matrícula.
Trata-se da manifestação de estudantes mais importante desde o fim do regime do apartheid, em 1994. Os protestos começaram na semana passada, tendo-se expandido ao conjunto das universidades públicas sul-africanas.
Dezenas de manifestantes invadiram o recinto do parlamento durante um discurso oficial do Ministro das Finanças, Nhlanhla Nene.
Enquanto isso, outros lançaram garrafas contra as forças de segurança, tendo sido depois dispersados com recurso a gás lacrimogéneo.
Segundo a polícia, os detidos deverão ser processados por violação de propriedade e atos violentos cometidos no espaço público.
Entretanto, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, deverá encontrar-se esta sexta-feira com representantes do movimento estudantil, numa tentativa de acalmar os ânimos da comunidade estudantil.
“É importante que trabalhemos juntos para encontrar soluções” disse Zuma.
“Todos sabemos que os estudantes oriundos de meios humildes vivem com dificuldades económicas e que, por isso, poderiam ser excluídos das universidades”, continuou.
Um país ainda muito desigual
Apesar do fim do regime de segregação racial imposto pela minoría branca na África do Sul durante décadas, em 1994, a sociedade da mais importante economia do continente africano continua marcada por importantes disparidades económicas, herança, em grande parte, de referido regime.
O apartheid manteve a maioria negra afastada dos centros de poder político e económico, sendo ainda muito difícil para as famílias negras o acesso a bens e à educação formal, ferramenta essencial para conseguirem melhores empregos.
A Universidade da Cidade do Cabo é das mais antigas e mais importantes, não apenas da África do Sul, mas também de todo o continente africano. Conta com um corpo de estudantes internacional, incluindo universitários angolanos, moçambicanos e portugueses.